sábado, 21 de julho de 2012

RESENHA DE LIVRO: O Rei da Noite


Indispensável para os amantes de literatura e recomendável aos aficionados por crônicas, este “O Rei da Noite” do escritor e cronista baiano João Ubaldo Ribeiro (dispensa apresentações), usa de uma beleza graciosa e inteligente para mostrarmos um pouco da temática do cotidiano das pessoas, o comportamento humano nas relações sociais, e um pouco da vida boemia. Tudo nos é apresentado de forma divertida e hilária, de acordo com inúmeras situações vividas pelo próprio autor.
Os diversos temas vão desde comportamentos sociais, padrões de beleza nacional, relações familiares, e até experiências no uso da alimentação macrobiótica. Difícil dizer quais os melhores textos. Eu, particularmente me identifiquei com o tema que aborda o sofrimento dos escritores ao aguardarem as tiragens das primeiras edições de seus livros, e as banalidades em forma de proza proporcionadas pelas tantas idas aos botecos afora.
A eficiência com que o autor consegue atrair a atenção do leitor para situações complexas do dia-dia é louvável. Mesmo temas estressantes como segurança pública, emprego, campanhas para prevenção á saúde, e o medo da família com relação ás drogas, tornam-se um deleite. Sem inibir nossas percepções sobre o tema, e ainda nos faz mergulhar em lembranças de fatos semelhantes, que aconteceram em nosso próprio cotidiano.
Recomendo.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

RESENHA DE FILME: O ESPETACULAR HOMEM-ARANHA


O fator determinante que fez com que eu desse um pulo no cinema para conferir este “O Espetacular Homem-Aranha”, foi o trailer. Nele, vi três coisas que inicialmente despertaram meu interesse: efeitos especiais novos que permitiram ao herói exibir muito mais de seus malabarismos, coisa que ficou faltando no primeiro longa; o visual mais de moleque magricelo do Aranha, pois particularmente eu achava o Tobey Maguire acima do peso para os padrões esqueléticos do personagem; e por fim, eu teria a chance de ver o real início das aventuras do Aranha, pois este novo filme prometia “a historia nunca contada antes”.
Mas antes de relatar se realmente minhas três expectativas foram saciadas, permita-me ressaltar um detalhe importantíssimo:
O Espetacular Homem-Aranha” é um filme bom. Aliás, muito bom mesmo. É cheio de acertos e de erros como qualquer outro filme. Mas num conceito geral, o diretor Marc Webb não deixa a desejar.
Agora vamos aos fatos:
Os efeitos especiais estão divinos, e apesar da pequena diferença de tempo entre a antiga trilogia e este novo longa, eles parecem melhorados. Talvez não no sentido técnico da coisa, mas os efeitos foram melhores aproveitados, deixando o aranha exatamente como queríamos ver, e não vimos, no filme antigo: um aranha mirabolantemente espetacular;
O ator aqui é o não muito conhecido Andrew Garfield, que apesar de usar de um visual bem mais descolado (o cara anda até de skate pelos corredores da escola, coisa que não existe no desengonçado e “politicamente correto” Peter dos quadrinhos), ele deu ao personagem um ar mais moleque que ostenta a pouca responsabilidade de alguém que ainda está descobrindo o mundo.
Por fim, a suposta “história nunca contada antes” não foi exatamente de inteira veracidade.  Embora possamos ver aqui uma trama inicial girando em torno dos pais de Peter Parker, o filme logo muda seu rumo e as semelhanças com a produção de 2002 tornam-se desnecessariamente evidentes: Peter é picado por uma aranha; Tio Ben parte dessa para a melhor, em situação semelhante;  o aranha aprendendo tudo de novo... blá, blá, blá.
Contudo, mesmo sabendo que o passado do aracnídeo dispensa mais apresentações, aqui podemos ver sua primeira namorada, Gwen Stacy (muito bem interpretada por Emma Stone), algumas piadas e situações engraçadas, proporcionadas por um aranha bem mais divertido; e o Lagarto, um dos vilões mais conhecidos, aqui parece pouco aproveitado, uma vez que, nos quadrinhos a vida do monstrengo é bem mais complexa.
Por fim, “O Espetacular Homem-Aranha” é entretenimento de primeira e não decepciona. Porém, o que infelizmente irá incomodar um pouco, é a constante sensação de estarmos diante de um filme desnecessário, afinal, a trilogia do diretor Sam Raimi, que começou em 2002, ainda está muito fresca na memória dos fãs.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

CRÔNICA: DIA MUNDIAL DO ROCK


– Tô terminando de preparar um novo pedido agora. – disse a vendedora, com o olhar fixo na tela do laptop – você estava sumido, Michel.
– Pois é – respondi, enquanto vasculhava uma enorme fileira de camisas de rock, presas em cabides plásticos – Tive que fazer uma operação.
Em meio ás explicações pouco detalhadas á cerca de minha recente aventura cirúrgica, rolava, no interior da loja, um som ambiente de guitarra, de uma banda que não conheci em primeiro momento.
 – Mas, e quando chega esse seu novo pedido? – perguntei.
– Em uns dez dias.
– Vou aguardar então – já estava caminhando de encontro á saída da loja, quando uma súbita lembrança me fez fazer meia volta e retornar até o balcão onde estava a vendedora – por acaso você tem aquele DVD do show do Scorpions?
– Olha, não chegou nada de novo pra mim do Scorpions.
– Não. Eu não quero nada de novo mesmo. Estou procurando aquele show acústico, famoso do Scorpions, lembra?
– O acústica? – ela quer saber. Pela primeira vez, a vendedora havia desviado a atenção da tela em sua frente. Ela agora me olhava, com ar de curiosidade.
Balancei a cabeça, assentindo.
– Uai, Michel. Você ainda não conhece aquele DVD? – mesmo reagindo com certa desconfiança, ela foi até uma prateleira procurar pelo meu pedido.
– Não é pra mim.
– Ah, bom – disse ela, aparentemente aliviada com minha resposta. Como se fosse um pecado mortal comprar discos de clássicos populares.
– É para minha esposa – expliquei.
Enquanto ela fazia meu embrulho, eu pensei em tal situação. Estava há dias tentando encontrar um tema legal para desenvolver um texto bacana para postar no meu blog, em homenagem ao dia mundial do rock. E igualmente como mitologia grega, o rock é uma dimensão infinitamente ampla, portanto, minha mente vagava por entre Hendrix, Woodstock, Ozzy e Metallica... Mas não encontrava inspiração para escrever nada.
Absolutamente nada.
– Prontinho. – era a vendedora, com meu embrulho nas mãos – Sua esposa vai adorar.
E foi naquele exato momento, que consegui enxergar o óbvio, até então nebuloso aos meus olhos: O rock é um estranho sedutor, que chega sem precisar de convite. O rock é como uma garota mimada e egocêntrica, que quer toda sua atenção voltada para ela. E ele vai fazer qualquer coisa para hipnotiza-lo. Até que você se renda aos seus acordes psicodélicos.
Minha esposa havia se tornado uma verdadeira farejadora; mais uma escrava do preciosismo. Ela estava empenhada á meses em vasculhar meus CDs, MP3, DVDs... Enfim, todo o meu acervo de música e também a internet. E conforme ela descobria as maravilhas do mundo das guitarras, eu fazia meu papel de fornecer á ela, um pouco mais daquilo que ela havia descoberto em sua própria casa.
Atualmente ela anda amarradona: Scorpions, AC/DC, Rush, Hammerfall... E empenha-se árdua, e incansavelmente em sua constante busca por conhecer mais... cada vez mais. Quer comprar camisa; adquirir discos novos; bater cabeça ao som de Back in Black... Tudo parece novo para ela.
Essa é a verdadeira magia do Rock:
Aquele período em que ficamos entorpecidos porque descobrimos mais uma banda legal e não queremos desgrudar os ouvidos por nada;
Aquele momento precioso em que as melodias viscerais embalam as cabeças numa sincronia de cabelos esvoaçantes e perfeitas guitarras imaginárias;
 Aquele encontro com a geração 60, 70, 80 ou 90 que nos faz estarmos mais próximo daquilo que alguém um dia pensou se tratar da eternidade. Porque o Rock nos faz crer que, de fato, somos infinitos;
Aquele instante em que o refrão ecoa fortemente e nossa alma vêm pra fora, completamente desavergonhada, para gritar junto.
Aquele vício de quero mais. Como uma sede que jamais poderá ser saciada.
Foi então que eu me vi como ela: um mero descobridor do paraíso cênico e teatral dos arranjos e solos. Percebi que não era melhor ou mais evoluído. Não me vi como um dinossauro veterano. Nunca manjei rock mais do que ninguém, isso é bobagem...
Naquele momento, saindo da loja de artigos musicais, entendi que eu era apenas mais um aluno da escola de rock, exatamente como minha esposa havia se tornado. E que nossa faculdade será gratificantemente desenvolvida, até o fim de nossas vidas.
Viva o bom e eterno Rock n’ Roll!!!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

RESENHA DE LIVRO : ELAS – Mulheres que marcaram a humanidade


Uma eficiente homenagem á “Elas”, é o que você irá encontrar ao longo das 190 páginas deste trabalho da autora Lucia Pimentel Goés (brasileiríssima, para orgulho de nossa nação). E este apreço ás mulheres está aqui representado em forma de poesia, no qual a doçura da autora se funde aos tantos atos de heroísmo, paixão, amor e outros tantos sentimentos que fizeram destas mulheres especiais. É muito fácil encontrar semelhanças em algumas características das homenageadas no livro com as tantas avós, mães, irmãs, filhas, sobrinhas, netas, amigas, colegas, vizinhas, amores... tantas mulheres especiais, presentes em nosso dia-dia.
Cada uma das histórias, contadas de modo singular, destaca a trajetória de mulheres de nosso passado. Desde os tempos de Cleópatra até chegar á recente realidade de Irmã Dulce, a autora nos brinda com sensibilidade e riqueza literária. E um ponto interessante é que o nome da homenageada nunca é citado ao longo do texto. O trabalho aqui é de tamanha competência que isso não é necessário; a autora nos faz desvendar, em poucas páginas, a identidade da homenageada. Mas se caso você não descobrir de quem se trata, não se preocupe. No fim do livro há um índice contendo os nomes de cada uma dessas deusas da humanidade.
No mais, acho que só ficou faltando uma homenagem de Lucia Pimentel Goés á si mesma. Afinal, a autora já superou, merecidamente, a marca de cinco milhões de livros vendidos ao redor do globo, assim como obteve diversos prêmios de críticos de arte.
Elas – Mulheres que marcaram a humanidade é nada menos que Uma Homenagem merecida ás nossas mulheres. E um Instrumento de conhecimento para nós homens .