sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RESENHA DE LIVRO – PIXU


Pelo fato de que meu blog sempre trata de resenhas de livros, achei melhor manter o título como está. Mas o caso é que Pixu é, na verdade, uma Graphic Novel, que descobri através de uma matéria que sugeria livros e revistas de terror. E por se tratar de um mundo no qual tenho pouquíssima intimidade, achei que seria legal verificar o que alguns doutores dos quadrinhos andam dizendo sobre este trabalho. Fiz sem maiores motivos, foi apenas no intuito de verificar se a impressão que tive ao final de minha leitura era recíproca.
E a opinião da grande maioria é que Pixu é um trabalho bem acima da média. Não por acaso, a revista ganhou o prêmio Eisner de melhor publicação independente. E parece que este é um feito grandioso no universo das HQs.
Pixu é uma história de terror que narra a vida de pessoas que vivem numa espécie de pensão. O clima da trama é obscuro e todos os personagens parecem igualmente com suas vidas em estado de decomposição; como se o inferno fosse coletivo e estivesse á tona. Mesmo o ambiente onde vivem é sinistro e assustador. Logo todo o local é tomado por uma estranha mancha, que como um vírus, vai tomando todos os andares do prédio, e este é o estopim que desencadeia numa série de acontecimentos sobrenaturais. Veja bem; Pixu é uma palavra que, de acordo com os autores, designa uma espécie de marca maligna, o que explica as manchas que aparecem na pensão e que antecedem o mal. Contudo, o roteiro é simples assim mesmo, e se eu disser mais uma só palavra, estarei contando tudo o que está por trás da trama que, aliás, é a coisa menos agradável da revista.
Os desenhos são impecavelmente bem feitos. De tal modo, que mesmo a escassez de diálogos no texto não é capaz de atrapalhar o segmento da história, além de abrir um leque para a imaginação de quem lê. Mas talvez essa falta em excesso, acabou deixando os personagens um pouco vazios e sem empatia.
De qualquer forma, acho que esta resenha não é coerente, nem funcionaria como sugestão á ninguém. Só o que posso dizer é que gostei de voltar á ler uma revista em quadrinho, coisa que não fazia há muito tempo. Tinha me esquecido do quanto é prazeroso poder ler com imagens. É uma ótima oportunidade para quem precisa de um empurrãozinho á mais na imaginação.

RESENHA DE LIVRO – A VOLTA DO PARAFUSO


Eu já havia lido em torno de quarenta páginas deste impressionante “A Volta do Parafuso”, quando percebi que meu senso de compreensão do texto estava literalmente “entrando em parafuso”. Então parei tudo e retomei a leitura desde o início, passando a manter um ritmo mais lento e ora fazendo pausas, para tentar discernir melhor cada capítulo. E isso não se deve apenas ao fato de que o texto possui uma linguagem formal, mas principalmente em razão de que essa era exatamente a proposta do escritor norte-americano Henry James: manter um clima misterioso e assustador ao longo da história. James constrói o texto com uma incrível habilidade em ocultar informações, deixando o leitor á cargo de sua própria imaginação. Em suma, o ponto de vista, que aqui é narrado em primeira pessoa, nos faz oscilar constantemente entre fantasia e realidade.
A melhor definição para a experiência de se ler este livro, é a de que simplesmente não há uma definição apropriada. A Volta do Parafuso é um livro de terror psicológico que não pode ser racionalmente compreendido. E acredito que este seja seu principal atributo.
A trama conta a história de uma Governanta contratada para cuidar de duas crianças órfãs, que vivem numa mansão situada no interior de uma Inglaterra da era Vitoriana. Elas foram deixadas sob a guarda legal de um Tio, que é quem contrata a Governanta. E as situações estranhas começam aí, quando a primeira exigência feita pelo Tio das crianças é a de que ele jamais deverá ser incomodado, em nenhuma hipótese. A história é narrada pela própria preceptora, que imediatamente se vê em meio á uma casa cheia de mistérios, assombrada por espectros que, segundo as convicções nada confiáveis da Governanta, estão interessados nas duas crianças. E as conclusões destes e de outros mistérios ficam á cargo do leitor.
O mais impressionante no livro é o clima psicológico assustador que o autor consegue manter por quase toda a história. Henry James se mostra completamente afiado na habilidade de deixar seus textos á cargo da interpretação de quem lê. Em todo momento da história não sabemos se a narradora está mesmo vivendo situações sobrenaturais ou se está somente imaginando coisas.
Uma obra de arte que instiga nossa reflexão. Recomendo!

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

RESENHA DE LIVRO – BRIDA


Relutei muito antes de escrever a resenha deste livro, outra obra de um autor que aprendi a gostar na minha adolescência, e que aos poucos, venho tentando ler o restante dos títulos que ainda me faltam. E o maior motivo desta minha resistência se deve por um único motivo:
Eu não gostei desse livro.
O fato de eu já ter lido obras fantásticas de Paulo Coelho, fez com que eu adquirisse uma espécie de ânsia por encontrar novamente aquela satisfação provocada por histórias que são impecavelmente bem elaboradas e insinuantes, as quais eu não procuraria tanto se tivesse alguma dúvida quanto á capacidade criativa deste autor. Paulo Coelho já provou ser um escritor engenhoso na arte de contar histórias. Não é por acaso que ele se tornou um dos escritores brasileiros mais lidos mundo afora. E talvez seja a essência desse autor talentoso, o que realmente busco quando encontro nas livrarias, um livro que ainda não li de sua autoria.
Mas ter que vir aqui em meu blog dizer que “outro” livro de Paulo Coelho é ruim, é uma experiência estranha. É quase uma pena ter que fazê-lo. Logicamente isso não tem a menor importância, pois se trata da opinião deste leitor que vos escreve. E á julgar pelo que andei lendo na internet, eu faço parte da minoria que desagradou deste trabalho.
Não sei exatamente explicar os motivos, mas parece que neste Brida, o autor perde seu equilíbrio narrativo quando resolve exagerar na inserção dos elementos que ele deseja expor, no caso aqui, contar a história de uma mulher em busca de sua evolução espiritual por meio da Magia. A história rapidamente deixa de lado sua pretensão de conto, para tomar a forma de uma autoajuda cansativa e repetitiva, que logo escancara seu verdadeiro foco: o de exibir ensinamentos de feitiçarias e exotismos de forma desenfreada, e que á meu ver só agrada á quem se interessa pelo tema. A trajetória dos personagens é nada mais que mero pano de fundo para diálogos carregados de ensinamentos exagerados.
A história (aff!!), conta a jornada de uma jovem irlandesa, já conhecedora de alguns aspectos da Magia, mas que anseia por ampliar seus conhecimentos. Então ela vai em busca de mestres na arte pretendida, e dai pra frente é apenas relatos e mais relatos do que seriam as lições que Brida está aprendendo para se tornar uma grande Bruxa.
Sim, é uma pena afirmar que Brida é outro livro sonolento de Paulo Coelho. Tanto, que sinceramente não sei se continuarei procurando pelos demais trabalhos do autor, que ainda não li.