Certo
dia li em algum lugar que para um homem ser completo ele deveria, ter um filho,
plantar uma árvore e escrever um livro.
Por
vários anos planejei tudo isso, e por vários anos fiquei cada vez mais
frustrado comigo mesmo.
Afinal,
havia plantado uma árvore que acabou não florescendo, e sempre tive medo de ter
um filho e não conseguir dar a ele algo que achava ser importante ter em minha
juventude.
O
livro enfim, já gastei cadernos e folhas avulsas sem nunca criar nada que o
contexto pudesse valer a pena ser lido por ninguém.
Passaram-se
anos e acabei desistindo de escrever o livro.
Quanto
ao filho, continuo com medo de concebê-lo.
E
a árvore nada mais se tornou do que uma paisagem em minha memória.
Mas
o mestre do universo, o Senhor tempo, acabou por me ensinar às duras penas
lições que a maioria delas eu não teria escolhido viver.
Mas
tudo muda, e eu não era uma exceção à regra afinal, então me concentrei nas
coisas que achava que me fariam diferença.
Trabalhei
como um louco, mas de forma errada, e fiz coisas que não me ajudaram em nada a
crescer como pessoa.
Tornei-me
egoísta.
Passava
por cima de pessoas como um trator, e com isso só me tornei mais sozinho e
amargo.
Mas
o tempo, esse tempo, esses minutos que se transformam em horas e dias e que não
percebemos que está acontecendo, me fizeram enxergar a verdadeira magia.
Aquela
magia que encontramos ao levantarmos da cama e olhar o quadro na parede do
quarto, ou seja lá o que quer que olhamos e não percebemos.
Seja
a chuva que nos obriga correr para não nos molharmos, ou o sol que logo pela
manhã já nos faz reclamar do calor.
Mas
aprendi que a vida está presente todos os dias de nossas vidas mais do que a
vemos.
E
hoje quando levanto pela manhã procuro fazer isso com o coração, e meus abraços
se tornaram tão fraternos que procuro passar sempre a melhor energia possível,
mesmo que não esteja muito bem.
Pois
o dia é longo e tenho sempre a certeza de que se não acordei bem é porque o dia
tem tudo para melhorar mais tarde.
Aprendi
que o filho que deveria ter, nada mais é do que uma ação que possa ser lembrada
para sempre, ou a ajuda à alguém.
A
minha árvore nada mais é do que uma boa formação do meu caráter, e que me trará
maravilhosos frutos.
E
meu livro não precisa estar no papel, mas na lembrança do mundo como um belo
conto, onde desempenhei o papel principal e o de coadjuvante com direito ao
oscar.
Aprendi
enfim, que posso sim chorar, pois sou humano como qualquer outro, e aprendi que
posso sim sorrir, pois a vida ensinou-me isso.
Sim
existem anjos. E eles geralmente não nos guiam por caminhos fáceis.
Fazem
que pulemos de grandes precipícios para que assim nos ensinem a voar, e acima
de tudo, acreditar que podemos voar.
Aprendi
que sorrir é mais fácil do que chorar, e ser feliz é uma questão de escolha,
não algo que simplesmente acontece na nossa vida.
Aprendi
a sorrir com as coisas mais bobas da vida, e a dar gargalhada com as
dificuldades mesmo que às vezes elas pareçam intransponíveis.
Nossa
vida nasce escrita pelas mãos do Criador, mas ele nos deu lápis e borracha para
podermos reescrevê-la. E é preciso ser um bom autor.
Acredite
em você, e depois se olhe no espelho.
Você
vai ver que seus olhos brilham como as estrelas que iluminam o céu da humanidade. E
perceberá que seus atos fazem parte de uma força onde, sempre como um círculo,
o que parte de um princípio volta sempre ao seu início.
Então
verá que o que se faz com disciplina e bom coração retornarão a você com a
mesma força que a distribuiu.
Ser
feliz é algo que buscamos todos os dias de forma irracional, mas se pararmos
para escutar nosso coração e a canção que o universo toca para nossa alma a
cada dia, talvez consigamos em um breve momento encontrar a paz que nosso
espírito realmente busca.
Não
sou um conhecedor da verdade, nem tampouco dos segredos do mundo, mas a cada suspiro
que sai da minha alma, percebo que o mundo é e sempre será muito mais do que
minha visão pode enxergar...
Talvez
algum dia ao me sentar para olhar o horizonte, trarei em minha alma a certeza
de que os caminhos que percorri estavam corretos e então o sol poderá iluminar-me
a alma de forma que possa enfim comungar com a verdadeira força que rege o
universo.
E
assim, poderei dizer ao mundo com toda a força que encontrei o verdadeiro sentido
da vida.
Talvez
isso seja devaneio de uma mente insana, que sonha e acredita em um mundo onde
não existam mais diferenças de pessoas ou de crença. Onde existam pessoas que
enxergam não com os olhos da face, mas sim com os olhos da alma.
Onde
pessoas não achem que são expectadores, mas que passem a desempenhar o papel
principal, pois como disse Francis Bacon (filósofo, político inglês e
alquimista que fazia parte da Fraternidade Rosa-cruz) “Somente a Deus e aos
anjos é dado este poder de só observar.”
Podemos
escolher sermos marionetes do destino, ou podemos ser o controlador das cordas
de nossa vida. Não
precisamos ser o que o mundo nos obriga, mas podemos ser o que o mundo precisa.
Sim
eu sei, é difícil. Lutar sempre contra a tirania dos outros, saber fugir da
falsidade escondida em um sorriso ou um abraço.
Tentar
entender enfim o porquê de tanto rancor, egoísmo, ganância desenfreada, ou seja
lá os tantos outros artifícios que as pessoas possuem para magoar as outras e
assim atingir seus objetivos. Realmente é difícil.
Segundo
Lao Tse “o homem que conhece o outro é sábio, o que conhece a si próprio é
iluminado”.
Às
vezes me pergunto se conseguirei ao menos chegar ao patamar de sábio algum dia.
As pessoas me surpreendem a cada dia, e como diz o ditado “morro e não vejo de
tudo na vida”.
Penso
às vezes em desistir de tentar entender, mas o que mais poderei fazer se
desistir, se realmente abandonar as pessoas? Conseguiria enfim entender-me?
Acho
que às vezes precisamos nos afastar dos outros e ouvir somente nosso coração,
mas não dizer ao nosso coração o que queremos, mas ouvi-lo.
Quando
conseguimos isso deixamos nossa alma em silêncio, e assim nosso coração
realmente fala. E devemos ouvi-lo, pois ele é sábio, ele comunga com as forças
que regem nossa vida.
Prefiro
perder o que tenho em bens materiais ao invés de atirar-me aos escombros de uma
vida sem guerra, sem batalha. Não serei pobre de espírito ao ponto de não
aceitar a dor da derrota, mas sim, serei o guerreiro que irá emanar dos
escombros com minha espada em riste e meu estandarte flagelado tremulando para
que nações de tristeza vejam e admirem o que minha alma é capaz de conquistar.
O Grande Arquiteto do Universo assim me moldou e tempestades jamais causarão a
erosão da fraqueza em minha alma.
Ao
final os fracos se ajoelharão perante Ele e pedirão perdão, mas aos guerreiros
restará a glória de ver suas espadas e escudos estendidos ao chão em
agradecimento pela vida que viveram.
A
vida por vezes nos afasta das pessoas, faz com que consigamos magoa-las, ou por
vezes deixa que sejamos magoados por elas.
Mas
precisamos aprender com as lições que nos são impostas que às vezes as lágrimas
que rolam por nossa face não querem realmente dizer que sofremos, mas que
caminhamos por estradas que realmente deveríamos percorrer e ao final de nossa
jornada poderemos nos sentar e contemplar o que nos foi importante.
E
então iremos sorrir.
Acredito
que a vida tenha vontade própria e ela não ministra seus ensinamentos de forma
aleatória. Ela molda toda uma existência com paciência não compreendida por nós
na maioria das vezes.
Então
ela nos surpreende com acontecimentos inesperados, como o retorno de um grande
amigo a muito afastado. Mas ela também fez seu trabalho de forma brilhante
naquela vida e lhe oferece a recompensa ao lhe devolver um amigo que certamente
fará com que você se lembre que todos os momentos realmente possuem sua própria
magia.
Poderemos
um dia nos distanciar novamente, mas o tempo já cumpriu seu papel de gravar
estes pequenos momentos em minha existência e assim transforma-los em lembranças
gratificantes que jamais me serão tomadas.
A
ti meu amigo Michel Soares.
Com carinho, respeito e fraterno abraço...
Mario
Sergio Cetto