sábado, 21 de junho de 2014

RESENHA DE LIVRO – A VINGANÇA VESTE PRADA


Dizem que o Diabo é um sujeito muito bom em orquestrar suas vinganças. Mas o “tinhoso”, segundo os ideais da autora Lauren Weisberger, parece ter perdido seus colhões. E nem mesmo as peripécias do maligno conseguiram dar um gás neste, que é a sequência do aclamado “O Diabo Veste Prada”.

Não deve ser uma missão muito simples compor um livro que dá continuidade á um best-seller. E este “A Vingança Veste Prada” conseguiu o que queria, pelo menos quanto ao sucesso nas livrarias. Mas ele esbarra na mesma tecla que seu antecessor, ou seja, é de uma mesmice um pouco cansativa. Novamente a autora nos entrega algo longo demais para uma trama pouco diversificada.
Uma tentativa de mudança que eu achei infeliz foi que agora a história está narrada na terceira pessoa. Não temos mais a personagem principal Andrea Sachs nos brindando com seus diálogos doces e inconstantes. Agora o livro possui um narrador paralelo á trama. E em minha opinião isso não funcionou muito bem.

A trama outra vez é fraquinha. Podemos continuar acompanhando as nem tão excitantes aventuras de Andrea Sachs, que anos após ter sofrido na agência de um certo diabo, agora toca sua vida de modo progressivo; ela está prestes á se casar e tornou-se amiga e sócia de sua odiada colega do antigo trabalho na Runway, Emily. Juntas, elas fundaram uma revista de luxo sobre casamento. E é justamente o sucesso deste novo empreendimento o que atrai alguns indesejáveis que Andrea pensou estarem enterrados em seu passado.
Só que por mais que a história dessa vez tenha um pouco mais de vigor, infelizmente o diabo do título é menos que uma coadjuvante. Este raramente aparece, deixando apenas sua suposta aura maléfica encarregada de atormentar a pobre Andrea. É como se a mente da personagem já fosse suficiente para deixar seus nervos em frangalhos.

Embora o glamour das grandes grife mundiais se manifestem com menos intensidade nesta continuação, ainda há a mesma preocupação com o charme detalhista e diversificado no figurino dos personagens. "A Vingança Veste Prada" segue a mesma linha narrativa, cheia de beleza e rica nas minúcias.
Não me atrevo á afirmar que esta sequência seja melhor que seu antecessor. Apenas me permito dizer que temos aqui um roteiro com um pouco mais de situacionismos, o que já é uma grande sacada. O problema só ficou por conta do ofuscamento de Miranda Priestly, que justamente por ostentar o título de vilã da história, deveria ser um pouco mais aproveitada. Também não gostei da narrativa em terceira pessoa. No mais, Lauren Weisberger segue com sua impecável escrita, que embora seja pouco engraçada, é original, rica em detalhes e um tanto charmosa.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

RESENHA DE LIVRO – O DIABO VESTE PRADA


Ser um amante de literatura por si já me torna uma pessoa um tanto singular, num país onde a maioria sustenta um total desprendimento cultural. E o que dizer de ser um homem que gosta de ler chick lit? (gênero literário moderno, destinado ao público feminino). Obviamente isso só acentua ainda mais a peculiaridade das preferências que me constituem.
Este “O Diabo Veste Prada” é um dos mais famosos livros do gênero citado acima, no qual duas pequenas particularidades me chamaram a atenção quando li: a pretensão da autora e a trama em si. Deixe-me tentar explicar:

Quem já leu Chick lit e conhece o gênero, sabe bem que as histórias são geralmente tecidas em torno de uma típica figura feminina do mundo pós-moderno, com enredo de fácil digestão, linguagem coloquial, normalmente engraçado e cativante. Mas neste trabalho da autora Lauren Weisberger, algumas coisas escaparam totalmente ao que seria a regra do gênero; o que não seria uma coisa ruim, caso tais distinções denotassem um agradável ineditismo e até originalidade. Mas a obra, embora seja mesmo de fácil leitura e com linguagem simples e moderna, passa longe de ser cativante, não é nem um pouco engraçada e ás vezes até cansativa. Se pensarmos no desenvolvimento da trama então, aí a coisa fica mesmo completamente irritante tamanha é a ausência de tempero.
Eis a sinopse:
Andrea Sachs é uma garota recém-saída da faculdade, e que arranja emprego de assistente da poderosa editora Miranda Priestly ( o diabo do título), na conceituada revista Runway. Pronto. A trama do livro é somente isso.

Serão longínquas quatrocentas e tantas páginas que narram os apuros vividos pela personagem principal, orquestrados por uma chefa que é um verdadeiro diabo encarnado. As situações são constantes e realmente beiram o absurdo, deixando sempre muito explícito a enorme truculência de uma líder para com suas empregadas. E quando a personagem não está no trabalho, tudo o que vemos são seus relatos quanto aos medos e traumas, resultados de um trabalho torturante e sem sentido. Até o desfecho previsível e nem um pouco interessante. Ás vezes, eu fiquei com a sensação de que a autora nada mais fez do que encher linguiça a maior parte do livro.
O Diabo Veste Prada não chega á ser um livro ruim. Longe disso. Ele é bem escrito, possui uma personagem principal até simpática, e podemos desfrutar de um intenso vislumbre do que seria o mundo da alta costura. As famosas marcas de grifes não estão somente no título do livro, mas também espalhadas ao longo de toda a trama. Mas o enredo é de uma mesmice estagnada, que pode cansar em alguns momentos.

A minha opinião como leitor pode até ser ofuscada por uma legião de fãs do livro, eu sei. Mas justamente como mencionei no inicio desta resenha, eu gosto de ler chick lit e, portanto, não me incomoda o fato de estar diante de um gênero que sempre denotou sua total despretensão e simplicidade. Mas a realidade é que o texto se tornou extenso demais, repetitivo e pouco engraçado.
Este foi um raro caso de um livro que eu descobri após ter assistido ao filme, que por sinal, é outro caso raro do trabalho cinematográfico, que em alguns momentos chega a ser mais eficiente do que o próprio livro. Um ponto positivo quando se lê depois de assistir, é que a chefa carrasca, Miranda Priestly, acaba ganhando um rosto, pois é impossível ler sem ter em mente o olhar gélido interpretado magistralmente na telona pela sempre maravilhosa Maryl Streep.

Gosto sempre de sustentar a ideia de que um livro vale pelo simples ato de ler. E o Diabo Veste Prada vai merecer os aplausos por sua dinâmica detalhista e simpática. Mas infelizmente é um livro esquecível, que é facilmente ofuscado por tantos outros melhores autores do mesmo gênero.