Uma realidade ótima e que atualmente tem sido a principal
razão de termos mais brasileiros interessados em ler – tá certo, eu concordo
que a proporção relativa ao enorme tamanho deste país ainda parece pífia, só que
mesmo melhorando a passos de tartaruga, é fato que estamos lendo mais. Outra
pergunta cabível seria o que estamos lendo, mas estes são outros assuntos – o
fato é que hoje se pode encontrar praticamente qualquer estilo de literatura,
para todos os estilos e gostos.
Autores como Thalita
Rebouças nos ajudam a enxergar com mais clareza essa pluralidade literária.
Se neste país ainda falta o incentivo à leitura, pelo menos, a diversidade
deixou de ser um problema. E o grande ponto de distinção da autora mencionada,
talvez seja sua genuína simpatia. Nem é preciso ter lido algum de seus livros
ou esbarrado com ela em algum aeroporto para que isso fique evidente. Basta um
breve vislumbre sobre a figura desta sorridente carioca, para que se note, de
imediato, que estamos diante de uma criatura que exala meiguice. E o mais perceptível
é a capacidade de Thalita Rebouças
em conseguir transmitir para o papel todo este seu lado mais terno,
característica que torna sua escrita acessível e gostosa de ser lida. Em outras
palavras, os livros dessa autora são opções de leitura ótima para quem gostaria
de começar a ler, mas ainda olha com desconfiança para os livros, como se eles
fossem instrumentos pertencentes à classe erudita.
E o livro alvo desta breve resenha é o primeiro trabalho de
Thalita destinado ao público adulto. Contudo, creio que os jovens leitores
também venham a apreciar a obra, uma vez que, não há linguagem pesada ou qualquer
tipo de narrativa imprópria aos adolescentes, que seja mais agressiva do que o conteúdo
no qual eles já estão habituados a ver nos programas televisivos e na internet.
As crônicas deste volume são recheadas de característica sutileza do começo ao fim. Uma leveza textual tão ampla que chega a
incomodar um pouco no início, algo semelhante à escrita encontrada em revistas de fofoca de celebridades. Porém, caso o leitor ainda não tenha familiaridade com a
forma de escrita, não se preocupe, pois logo a condução textual da autora nos remete à certo enternecimento que nos faz pensar que estamos no meio de uma gostosa prosa, de conteúdo coloquial, numa mesa de bar agradável ou em qualquer outro local de intensa
informalidade. Dentro desse pacote, seus textos que mais me agradaram foram os
sobre taxistas.
Entrando num aspecto negativo da obra eu só tenho a dizer que, em plena conformidade com o que acontece com todo livro publicado, certamente há
pretensões comerciais por detrás da capa e do título. Pois somente ambições de
editores sugeririam algo tão tosco e ordinário; tanto gráfico quanto o rótulo são fortemente bregas, fato que quase me fez desistir de comprar esta edição, que
só não aconteceu porque sempre tive curiosidade em ler algo desta autora tão aclamada
pelo público jovem.