sábado, 24 de setembro de 2016

RESENHA DE LIVRO: TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER UM INFERNO


Este foi o último livro que acrescentei a uma compra que fiz ano passado, após já ter escolhidos aqueles que, de fato, eu queria levar. Sabe quando nos deparamos com uma capa simpática, de título sugestivamente cômico e, ao lermos a sinopse pensamos estar diante de um livro despretensioso, daqueles que servem puramente como entretenimento de diversão? E finalmente, já a caminho do caixa, eu o adicionei aos demais por conta do preço acessível. “Se não for bom, pelo menos não custou muito caro”, foi a justificativa que pesou a favor da compra desta obra incógnita... Escolhas desse tipo, na maioria das vezes, acabam dando certo e levo pra casa um bom volume, de desconhecidos e talentosos autores.

Infelizmente não foi bem o caso deste TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER UM INFERNO, de um escritor com ar aparentemente buliçoso, chamado Simon Rich; jovem escritor, produtor e roteirista americano, detentor de um invejável e precoce currículo de carreira.

Mas também não chegou a ser necessariamente uma escolha infeliz, afinal, este livro passa longe de ser desprezível. A trama foi altamente desenvolvida para ser lida como comédia besteirol, e caso você seja um religioso bitolado, meu conselho é passar longe da obra. Aqui Deus é um ser entediado, inconsequente, cheio de vaidade, presidente e fundador da CÉU LTDA. Sim, o paraíso é uma empresa, pessimamente administrada pelo altíssimo, onde seus funcionários são anjos que atuam de forma tão ou mais irresponsável que o patrão. E neste ínterim, surge o intento do divino de destruir a Terra, ideia que ele adia por conta de uma aposta que faz com dois de seus anjos, protagonistas principais, de simplesmente unirem um casal improvável de humanos.

Bom, como comédia o livro é morno quase que o tempo inteiro (ou talvez seja eu que ao longo dos anos esteja me tornando um leitor ranzinza e sem paciência para piadas fáceis e sem originalidade). Achei que a química da trama com as situações não propiciaram muitos momentos hilários. Talvez o enredo funcionasse melhor com situações diferentes das que foram escritas, mas é apenas minha opinião.

Deus, apesar de não ser um personagem muito original, deveria ter sido mais aproveitado pelo autor, pois é nos raros instantes em que ele aparece que a comédia da obra parece dar um gás.

Obviamente a trama só funciona se você a ler de maneira imparcial e sem nenhum conceito sobre nada. Porque se levado à luz de qualquer ponto de vista teológico, mitológico ou filosófico, fará com que o leitor encontre e se incomode com as inevitáveis contradições e mancadas na estrutura do universo criado por Simon Rich. TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER UM INFERNO é, antes de qualquer outra coisa, um entretenimento singelo, meio besteirol, o qual em nada agradará se o seu olhar for muito crítico.

Poderia então dizer que este tenha sido o meu caso?

Não exatamente, pois quando me propus a ler o livro, eu encontrei, de certa maneira, aquilo que buscava. Mas o que ocorreu ao longo da leitura, foi que eu não curti muito a trama como um todo; só que um todo por mim encarado sempre como comédia mesmo.
O livro às vezes tem um ar mais adolescente, noutros momentos, parece ser uma comédia adulta que logo destilará situações embaraçosas ou humor escrachado. Mas o enredo não aquece e segue seu meio termo por toda leitura.

E por falar em leitura, esta flui fácil, mesmo não sendo muito engraçada. A trama, que em alguns poucos instantes até chega a divertir, parece ser algo do tipo comédias de sessão da tarde, ou um episódio do Chaves no qual assistimos até o fim, mesmo sabendo que este se repete pela enésima vez.

Por fim, não sinto que desperdicei dinheiro adquirindo a este TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER UM INFERNO, mas o considero um livro esquecível, cuja ideia poderia ter sido melhor aproveitada.