Este foi o último livro que
acrescentei a uma compra que fiz ano passado, após já ter escolhidos aqueles
que, de fato, eu queria levar. Sabe quando nos deparamos com uma capa
simpática, de título sugestivamente cômico e, ao lermos a sinopse pensamos
estar diante de um livro despretensioso, daqueles que servem puramente como
entretenimento de diversão? E finalmente, já a caminho do caixa, eu o adicionei
aos demais por conta do preço acessível. “Se
não for bom, pelo menos não custou muito caro”, foi a justificativa que
pesou a favor da compra desta obra incógnita... Escolhas desse tipo, na maioria
das vezes, acabam dando certo e levo pra casa um bom volume, de
desconhecidos e talentosos autores.
Infelizmente não foi bem o
caso deste TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER
UM INFERNO, de um escritor com ar aparentemente buliçoso, chamado Simon Rich; jovem escritor, produtor e
roteirista americano, detentor de um invejável e precoce currículo de carreira.
Mas também não chegou a ser
necessariamente uma escolha infeliz, afinal, este livro passa longe de ser desprezível.
A trama foi altamente desenvolvida para ser lida como comédia besteirol, e caso
você seja um religioso bitolado, meu conselho é passar longe da obra. Aqui Deus
é um ser entediado, inconsequente, cheio de vaidade, presidente e fundador da CÉU LTDA. Sim, o paraíso é uma empresa,
pessimamente administrada pelo altíssimo, onde seus funcionários são anjos que
atuam de forma tão ou mais irresponsável que o patrão. E neste ínterim, surge o
intento do divino de destruir a Terra, ideia que ele adia por conta de uma
aposta que faz com dois de seus anjos, protagonistas principais, de
simplesmente unirem um casal improvável de humanos.
Bom, como comédia o livro é
morno quase que o tempo inteiro (ou talvez seja eu que ao longo dos anos esteja
me tornando um leitor ranzinza e sem paciência para piadas fáceis e sem
originalidade). Achei que a química da trama com as situações não propiciaram
muitos momentos hilários. Talvez o enredo funcionasse melhor com situações
diferentes das que foram escritas, mas é apenas minha opinião.
Deus, apesar de não ser um
personagem muito original, deveria ter sido mais aproveitado pelo autor, pois é
nos raros instantes em que ele aparece que a comédia da obra parece dar um gás.
Obviamente a trama só
funciona se você a ler de maneira imparcial e sem nenhum conceito sobre nada.
Porque se levado à luz de qualquer ponto de vista teológico, mitológico ou
filosófico, fará com que o leitor encontre e se incomode com as inevitáveis
contradições e mancadas na estrutura do universo criado por Simon Rich. TRABALHAR NO PARAÍSO PODE SER UM INFERNO é, antes de qualquer outra
coisa, um entretenimento singelo, meio besteirol, o qual em nada agradará se o
seu olhar for muito crítico.
Poderia então dizer que este
tenha sido o meu caso?
Não exatamente, pois quando
me propus a ler o livro, eu encontrei, de certa maneira, aquilo que buscava.
Mas o que ocorreu ao longo da leitura, foi que eu não curti muito a trama como
um todo; só que um todo por mim encarado sempre como comédia mesmo.
O livro às vezes tem um ar
mais adolescente, noutros momentos, parece ser uma comédia adulta que logo
destilará situações embaraçosas ou humor escrachado. Mas o enredo não aquece e segue
seu meio termo por toda leitura.
E por falar em leitura, esta
flui fácil, mesmo não sendo muito engraçada. A trama, que em alguns poucos
instantes até chega a divertir, parece ser algo do tipo comédias de sessão da
tarde, ou um episódio do Chaves no
qual assistimos até o fim, mesmo sabendo que este se repete pela enésima vez.