terça-feira, 22 de agosto de 2017

RESENHA DE LIVRO: WINSTON S. CHURCHILL – COMO CHEGUEI AO PODER


Quatro são as lideranças mais comentadas, biografadas e estudadas da segunda guerra mundial. E Winston Leonard Spencer Churchill é uma delas. Primeiro ministro britânico durante quase todo o conflito mundial, Churchill é, de fato, um homem da guerra. E embora tenha sido nomeado pela cúpula inglesa, como sendo a mente mais qualificada para conduzir a terra da rainha através de anos de trevas, Sir Winston não foi apenas isso.

Além de seu nome inesquecivelmente ligado ao grande conflito, Churchill também foi um estadista notável, oficial do exército britânico durante a primeira guerra, historiador, artista e escritor. Ele é o único primeiro ministro britânico a ter recebido um prêmio Nobel de Literatura.

E esta natureza do cara é o que mais interessa aqui neste ótimo COMO CHEGUEI AO PODER; relatos narrados pelo líder britânico dos tempos que antecederam sua ascensão ao poder.

O livro nos apresenta a visão do autor no que concerne à natureza política, os jogos de poder, a crises na Europa, especulações rivais, seus principais antagonistas e suas formas tradicionais de governo. Churchill especula sobre o cenário politico de sua época e usa de uma linguagem acessível e direta, permitindo ao leitor um ganho de compreensão sobre os eventos que culminaram no maior conflito armado do mundo.

A partir de 1933, após a subida de Hitler ao poder na Alemanha, e quando parecia evidente que o partido nazista empenhava-se na fortificação bélica do país, Churchill foi das poucas vozes que se levantou contra aquilo que considerava uma séria ameaça à estabilidade da Europa Central. Ele vinha constantemente à público alertar sobre a necessidade de o Reino Unido se armar.

No dia 10 de maio de 1940, poucas horas antes da invasão alemã da França, e diante do vergonhoso fracasso britânico na defesa da Noruega, o governo do então ministro Chamberlain não resistiu e caiu, abrindo caminho para a nomeação de Winston Churchill para o cargo político máximo, o de primeiro ministro.

Igualmente a qualquer figura pública no cenário geopolítico mundial, Churchill também tem atribuído à sua imagem manchas irreparáveis, justificáveis ou não, como por exemplo, a decisão do ataque aéreo à cidade de Dresden, ato que resultou na total devastação da região e matou mais de vinte e cinco mil civis.

Opiniões à parte, COMO CHEGUEI AO PODER é um livro que tem como ponto forte a apresentação de uma visão pessoal de mundo, narrada pelo autor; um homem que, além de importante figura política da Europa, também deixou explicitada através de sua literatura, o quanto era habilidoso na composição textual. É um livro que agradará tanto aos leitores que querem aprofundar seus conhecimentos sobre a segunda guerra mundial, quanto àqueles que gostam de esmiuçar os conturbados cenários geopolíticos mundiais.

sábado, 5 de agosto de 2017

RESENHA DE LIVRO – WATERLOO


Este livro é parte de uma recente empreitada que me propus: aprender um pouco sobre a trajetória de um dos maiores nomes da história militar mundial, o famigerado imperador Napoleão Bonaparte.

Separei artigos, salvei endereços na Web, busquei matérias em revistas de história, assisti diversos documentários, e finalmente deleitei-me na leitura deste decente WATERLOO; obra que narra a mais icônica batalha que decretou o fim da admirável carreira de Bonaparte.

E justamente partindo de minhas pesquisas é que me atrevo a dizer que, embora Napoleão houvesse assistido sua queda definitiva sacramentada na inexpressível Waterloo (pequena cidade situada na Bélgica), este cenário fora apenas efeito de outras causas, pois muito antes de seu exílio na minúscula ilha de Elba, o imperador teve seu vasto e temido exército francês dizimado pelo frio e agressividade em terras russas. Desde que as tropas de Napoleão ultrapassaram a fronteira, em junho de 1812, a Rússia mostrou seu lado mais inóspito. Pelo menos do ponto de vista das leituras que fiz sobre as fatalidades vivenciadas pelo exército francês contra os Russos, creio que elas me parecem infinitamente mais devastadoras do que a derrocada final em Waterloo.

Então, ao chegar ao derradeiro confronto contra as forças britânicas em 1815, Napoleão trazia consigo um exército recomposto e fiel, mas agora era infinitamente menor, inclusive em larga desvantagem numérica em relação aos aliados que enfrentaria. Tinha como seus trunfos a fidelidade de um exército que o amava e o admirava; homens que mesmo cientes da desvantagem numérica no campo de batalha, sabiam que já haviam enfrentado situações semelhantes e vencido graças à genialidade de seu imperador.

Contudo, em Waterloo as adversidades foram cruciais no desfecho da guerra. E mesmo sabendo da complexidade em se analisar batalhas, talvez o vencedor neste caso, foi aquele que menos errou. Aqui nos deparamos com uma narrativa de sucessivos equívocos de estratégias, mensagens confusas ou imprecisas, o clima torrencial que não colaborava, a hesitação de comandantes, atitudes impensadas, um Napoleão aparentemente doente e enfraquecido, o líder britânico, Duque de Wellington, que mesmo receoso, soube manter sua defesa concisa e firme.

Por falar em Wellington, o Duque de Ferro provavelmente fora aquele que mais se beneficiou com os erros e empecilhos transcorridos na batalha. E embora fosse reconhecido por ser um exímio estrategista, quase foi pego com as calças curtas, enquanto se divertia no baile da duquesa de Richmond. O exército Francês marchava em seu encontro, e o duque recebia o relato de seu mensageiro em meio a um pomposo salão de dança.

O ponto forte da obra fica por conta da montagem textual feita pelo autor, repleta de relatos dos homens que vivenciaram a batalha. Narrativa de gente que esteve lá e disseram o que viram. Tais conteúdos denotam a obstinada busca do autor por material inédito para compor seu livro.

Em contrapartida, o que me incomodou um pouco foi um demasiado preciosismo deste mesmo autor em relação aos britânicos. E mesmo sustentando aspectos de imparcialidade, como quando relata o elevado envaidecimento do duque de Wellington ao se empenhar na exclusiva exaltação de si mesmo sobre a batalha, Bernard Cornwell parece não conseguir esconder seu patriotismo, atitude que certamente comprometeu suas pesquisas sobre o evento para a documentação histórica.

De qualquer forma, WATERLOO é um rico trabalho, cheio de referências, relatos pessoais daqueles que vivenciaram a guerra, e um olhar mais próximo de testemunhas que ali estiveram. Uma agradável leitura, que acertou em fugir da mera narrativa didática dos livros de história.