Conheci o autor deste
excelente livro através de bons documentários que ele produziu na internet.
Então, a curiosidade era forte e quando tive a chance, adquiri este ótimo
volume filosófico.
RELIGIÃO
PARA ATEUS é um preciso trabalho que se propõe a cutucar em casa de
abelhas: grosso modo, quando se entra no assunto religião, parece só haver
espaço para o antagonismo religioso versus ateu. No entanto, o suíço Alain de Botton, confesso ateu, nos
entregou este belo conteúdo cuja premissa é manter a imparcialidade e nos
atentar para os benefícios e problemas que carregam os grupos seculares e
dogmáticos.
As perspectivas do livro
dividem-se em capítulos distintos, que buscam esmiuçar temas que pouco são observados
quando se fala do percurso das religiões. Alain propõe que se olhe para o rico
e inegável legado construído pelas igrejas, analisemos temas como arquitetura, instituições,
arte e educação. E a mensagem mais notória do autor talvez seja para os perigos
de um fenômeno social que está crescendo de modo assustador: a noção de cada um
por si.
O desprendimento secular em
crenças afasta o ateu de algo fundamental para a base da convivência social: a
noção de comunidade. E como deve ser uma boa leitura de filosofia (embora o
autor sustente uma leve inclinação para autoajuda), as ideias se mantém sob
pontos de interrogação ou apenas nos mostram aspectos distintos de pensamentos,
deixando a cargo do leitor o ato da reflexão. Alain de Botton não quer sacudir galhos sensacionalistas; usa de
uma linguagem documental que faz com que o texto flua com extrema facilidade e
doçura; lança questionamentos pertinentes; faz observações sem ser agressivo; destaca
dúvidas sem fazer nenhuma censura.
Meu capítulo favorito é
intitulado “Pessimismo”. E embora em muitas vezes eu queira e carregue a
vontade de ser um ser humano mais otimista, acho que o mundo sempre termina por
me empurrar de volta para o meu senso de desconfiança... E apesar de evoluirmos
como sociedade, eu ainda sustento a ideia de que inveja, preguiça, ansiedade e
principalmente a vaidade humana, acaba dando razão ao meu inesgotável
pessimismo.
Pensar religião de uma forma
ampla e aberta, sem conceitos fundamentalistas ou determinismos impositivos, já
valeria a leitura desta obra. E já que também dependo de elevar minha
autoanalise sobre temas espinhosos como este, deixo à cargo do próprio Alain, a
reflexão final desta resenha: