A sinopse desta obra promete
narrativa com ares das 1001 Noites e uma linguagem repleta de poesia. O autor
nasceu em Damasco, cenário de toda a trama, contudo, cresceu na Alemanha onde se
dedicou a literatura e atualmente é membro da Academia de Belas-Artes da
Baviera.
Bom, diante de referências excepcionais
como estas, é difícil pensar que iremos nos enganar quanto ao bom conteúdo da
obra. No entanto, se as referências árabes estão de fato permeando a história e
o autor detém consagração já sendo traduzido para várias línguas, devo dizer
que este HISTÓRIAS DA NOITE, quando
atingiu instantes elevados, não passou de uma leitura morna, prolixa, sem
nenhuma poesia e creio que 1001 noites era um temor imaginário de que esse
seria o tempo que eu levaria para chegar ao término da leitura.
Que me desculpem os leitores
que gostaram da obra, mas por maior que fosse minha paciência e boa vontade,
houve um instante, já perto do capítulo final, que eu ansiava, quase implorava
pelo final da maçante trajetória de um cocheiro de Damasco chamado Salim.
Considerado pelo povo local
o melhor contador de histórias da região, o velho Salim se encontra em apuros
quando, ao ver-se inserido em situação tão utopista quanto os causos que sempre
contou, é acometido por uma mudez incurável. Então sete de seus amigos (o autor
sustenta certa obsessão com o número sete) resolvem fazer de tudo para devolver
a voz à Salim e, como deve acontecer numa boa premissa de fantasia, eles
resolvem fazer isso contando histórias “maravilhosas” que magicamente destravarão
a língua do amigo.
Desse modo, o leitor é
levado a acompanhar sete histórias cheias de misticismo, mitologia regional e incursões
fabulosas contadas pelos personagens. Daí se explica o título da obra.
O aclamado autor, Rafik Schami, quase consegue engatar um
bom texto logo no início, quando nos entrega um conto decente narrado pelo
amigo de Salim que inicia a proposta de ajuda (veja que aqui os contos são
narrados pelos personagens sem que estes estejam na primeira pessoa); trata-se
de uma história encorpada e cheia de fantasias legais, as quais até nos permite
relevar o teor um pouco cansativo da narrativa. Contudo, os demais personagens
contistas são chatos, previsíveis e beiram o insuportável quando tentam ser
engraçados, salvo apenas o amigo conhecido como “O Imigrante” que por ter
vivido noutro país, faz uma breve, porém agradável comparação entre as diferenças
culturais entre os Estados Unidos e a Síria.