Este livro é parte de uma
recente empreitada que me propus: aprender um pouco sobre a trajetória de um
dos maiores nomes da história militar mundial, o famigerado imperador Napoleão
Bonaparte.
Separei artigos, salvei
endereços na Web, busquei matérias em revistas de história, assisti diversos
documentários, e finalmente deleitei-me na leitura deste decente WATERLOO; obra que narra a mais icônica
batalha que decretou o fim da admirável carreira de Bonaparte.
E justamente partindo de
minhas pesquisas é que me atrevo a dizer que, embora Napoleão houvesse
assistido sua queda definitiva sacramentada na inexpressível Waterloo (pequena cidade
situada na Bélgica), este cenário fora apenas efeito de outras causas, pois
muito antes de seu exílio na minúscula ilha de Elba, o imperador teve seu vasto
e temido exército francês dizimado pelo frio e agressividade em terras russas. Desde
que as tropas de Napoleão ultrapassaram a fronteira, em junho de 1812, a Rússia
mostrou seu lado mais inóspito. Pelo menos do ponto de vista das leituras que
fiz sobre as fatalidades vivenciadas pelo exército francês contra os Russos,
creio que elas me parecem infinitamente mais devastadoras do que a derrocada final
em Waterloo.
Então, ao chegar ao
derradeiro confronto contra as forças britânicas em 1815, Napoleão trazia consigo
um exército recomposto e fiel, mas agora era infinitamente menor, inclusive em
larga desvantagem numérica em relação aos aliados que enfrentaria. Tinha como
seus trunfos a fidelidade de um exército que o amava e o admirava; homens que
mesmo cientes da desvantagem numérica no campo de batalha, sabiam que já haviam
enfrentado situações semelhantes e vencido graças à genialidade de seu imperador.
Contudo, em Waterloo as
adversidades foram cruciais no desfecho da guerra. E mesmo sabendo da
complexidade em se analisar batalhas, talvez o vencedor neste caso, foi aquele
que menos errou. Aqui nos deparamos com uma narrativa de sucessivos equívocos
de estratégias, mensagens confusas ou imprecisas, o clima torrencial que não
colaborava, a hesitação de comandantes, atitudes impensadas, um Napoleão
aparentemente doente e enfraquecido, o líder britânico, Duque de Wellington,
que mesmo receoso, soube manter sua defesa concisa e firme.
Por falar em Wellington, o
Duque de Ferro provavelmente fora aquele que mais se beneficiou com os erros e
empecilhos transcorridos na batalha. E embora fosse reconhecido por ser um
exímio estrategista, quase foi pego com as calças curtas, enquanto se divertia
no baile da duquesa de Richmond. O exército Francês marchava em seu encontro, e
o duque recebia o relato de seu mensageiro em meio a um pomposo salão de dança.
O ponto forte da obra fica
por conta da montagem textual feita pelo autor, repleta de relatos dos homens
que vivenciaram a batalha. Narrativa de gente que esteve lá e disseram o que
viram. Tais conteúdos denotam a obstinada busca do autor por material inédito
para compor seu livro.
Em contrapartida, o que me
incomodou um pouco foi um demasiado preciosismo deste mesmo autor em relação
aos britânicos. E mesmo sustentando aspectos de imparcialidade, como quando
relata o elevado envaidecimento do duque de Wellington ao se empenhar na
exclusiva exaltação de si mesmo sobre a batalha, Bernard Cornwell parece não conseguir esconder seu patriotismo,
atitude que certamente comprometeu suas pesquisas sobre o evento para a
documentação histórica.
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