Temos aqui a história de um
assassinato, cuja suspeita de autoria cai sobre os ombros do amante da vítima e
narrador da trama, Gustavo Flavio. Logo somos apresentados a outro personagem
potencialmente suspeito: o marido. Também não demora a surgir uma confissão do
crime, que propositalmente soa um tanto leviana e fora de contexto. Porém,
apesar do aparente estilo clichê dos romances policiais, o livro não se prende
ao mistério do assassinato, optando por uma condução, digamos, descontinuada de
progressão, o que até pode incomodar alguns leitores.
O livro é dividido em cinco
partes. A primeira parte é mais curta e introdutória, porém, de uma
profundidade extraordinária, o livro já me ganhou de cara! Esse capítulo narra
a morte da vítima e a relação do narrador com a finada amante. A segunda parte
conta sobre os tempos de juventude do narrador. O capítulo é muito bom, a
genialidade de Rubem praticamente nos faz esquecer de que estávamos
acompanhando o misterioso assassinato. Já a terceira parte o ritmo parece
diminuir e a trama fica menos interessante. Relata um refúgio no qual o
narrador, que esqueci de mencionar, é escritor de literatura, este resolve
passar um tempo dedicado ao desenvolvimento de sua nova obra intitulada Bufo
& Spallanzani.
Na quarta parte voltamos aos
acontecimentos com o assassinato que principiou a trama. Aqui novas revelações
que até soam um pouco óbvias, mas necessárias para que se retome o interesse
pelo ocorrido. O livro aqui se renova e ganha fôlego. Então, seguimos para a
conclusiva quinta parte, descobrimos um mistério paralelo que se fez durante a
terceira parte, e claro, descobrimos o mistério do assassinato central.
BUFO & SPALLANZANI é um livro que parece brincar (ou zombar) com o gênero romance policial. Tem personagens centrais interessantes, algo tão característico de Rubem Fonseca, alguns personagens menos apreciáveis, principalmente no terceiro ato, uma conclusão pouco impactante, mas que não decepciona.
Enfim, esta obra de Rubem, como na maioria de suas outras, é interessante, bem escrita e de personagens instigantes. Não foi minha leitura favorita do mestre Rubem, mas busca fugir do lugar comum dentro do gênero e, claro, por isso, torna-se uma obra singular. Marasmo é algo que simplesmente não existe nas obras de Rubem Fonseca.
NOTA: 7