Eu ainda preciso do meu passado.
Retornar ao meu passado, ás vezes
serve para que eu tome consciência da pessoa melhor na qual eu me tornei. Serve
para que eu me lembre de que hoje possuo uma vida mais confortável,
independente e feliz. Retornar ao passado é como uma injeção que ativa as boas
memórias, que são constantemente anestesiadas pela minha mente, que embora seja
uma ótima máquina de aprender, ainda vive viciada em pessimismo.
Mas é justamente esse o maior pecado
que eu poderia cometer, segundo o autor Eckhart
Tolle: que é voltar ao passado.
Até certo ponto, seu livro de
autoajuda intitulado O Poder do Agora,
tem fundamento. Se tivermos a paciência e humildade (não se engane; é preciso
muita humildade pra se conseguir enxergar a própria mente, com total discernimento),
veremos que nossa mente passa a maior parte do tempo vagando, ora no passado,
ora no futuro. E o malefício disso é que geralmente nosso pensamento viciado em
desgraças, só resgata do passado aquilo que nos foi trágico ou doloroso. E quando
ele vai ao futuro, nos preenche com ansiedade e descontentamento. E as técnicas
ensinadas aqui pelo autor, possuem o intuito de nos manter aqui, nesse inexplorado
lugar chamado agora. Dai o título do livro.
Estar no agora é, segundo o
livro, a chave para se conseguir alcançar a tão sonhada iluminação espiritual
que nós seres-humanos tanto almejamos. Viver no Agora é o melhor caminho para a
felicidade plena.
O conteúdo do livro é bom; o
autor optou por uma linguagem simples, que segue um formato feito de perguntas
e respostas. Algumas técnicas também realmente funcionam; porque de fato, usar
nossa mente indisciplinada para ir ao passado, só serve para envenenar o
presente. Da mesma forma, vagar por um futuro que obviamente não existe, acaba
por nos deixar deprimidos e ansiosos. O ideal para a maior parte das pessoas é
que realmente fiquemos aqui, no agora. Porque o presente sempre será mais
seguro.
Contudo, para um leitor constantemente
faminto por conhecimento, e que adora estar aprendendo mais sobre comportamento
e disciplina mental, a ideia do livro acaba se tornando algo um pouco
repetitivo e ás vezes até meio forçado.
O que quero dizer, é que já li
muita autoajuda e psicologia em meus anos de leitor. E as tantas ideias que são
apresentadas por diversos autores e suas distintas propostas, acabaram fazendo
com que O Poder do Agora soasse como
uma espécie de ensino básico para mim. Outra coisa que me incomodou durante a
leitura, foi a postura algumas vezes exagerada, á ponto de se torna um pouco
arrogante, por parte do autor. É como se ele tentasse vender sua ideia, como se
ela fosse o único meio de conquista espiritual, e ele próprio, o único que á
conseguiu alcançar até o momento.
Não sei, mas esta pode ser
a minha resenha mais sincera. Não que as outras não sejam. O quero dizer é que
minha opinião aqui, talvez seja demasiadamente exclusiva ou incompreendida por
quem já leu este livro.
O fato é: o livro não é ruim. Só que autoajuda é
um pouco complicado de se resenhar justamente por conta da particularidade de quem
lê. Mas a realidade é que aqui há um conteúdo interessante, no qual até certo
ponto eu concordo, e é um trabalho recheado de técnicas para se aprender a conviver
onde precisamos estar... No Agora.