sexta-feira, 5 de julho de 2013

RESENHA DE LIVRO – O AZARÃO


As atitudes inseguras e inconsequentes do protagonista principal deste “O Azarão” fizeram com que viessem á tona, memórias de minha adolescência igualmente cheia de medos e dúvidas. O fato mais curioso, é que fui me identificar justamente com o personagem principal do livro que considerei o mais fraquinho deste mestre da arte de contar histórias modernas, chamado Markus Zusak.
Só que há uma explicação convincente para justificar a enorme diferença de qualidade deste para os demais livros do autor, que julgo serem talvez os melhores livros de literatura que já li na vida (Quem já curtiu “A Menina que Roubava Livros” vai saber do que estou falando). E a diferença é que “O Azarão” trata-se de um projeto paralelo usado pelo autor, antes de sua carreira decolar, para os momentos em que ele travava em seus textos maiores. É algo que quase poderia ser considerado como um rascunho de luxo. E foi exatamente isso que tornou o livro interessante. Porque denota claramente um Markus Zusak jovem, ainda em desenvolvimento, criando coisas com sua mente conturbada de garoto (o autor chega a mencionar que o protagonista tem um quê de autobiográfico). Mas mesmo sendo este o livro menos expressivo do cara, ele é bem melhor do que muita literatura de quinta que se encontra pelas livrarias á fora.
A trama conta as aventuras, que nem são tantas assim, de Cameron Wolfe. Um jovem comum de 15 anos e três irmão, cujo um deles é seu parceiro de travessuras. Cameron vive numa família simples e sem muitos recursos. Mas a grande sacada fica para quando se conhece melhor o jovem protagonista; um garoto infeliz com sua vida e atitudes, que pouco sabe lidar com os medos arquitetados por uma mente adolescente, cheia de insegurança. E a coisa se torna ainda mais complicada quando ele conhece Rebecca Conlon, e então nasce uma daquelas tão conturbadas paixonites, comuns nessa fase da vida. É nesse momento que acabo me identificando com o personagem. O jovem Cameron sofre sozinho; pensa ininterruptamente na garota; chora pelos cantos; e faz promessas absurdas á si mesmo, nas quais um adolescente não tem o menor discernimento do que implicaria manter juras feitas por seres-humanos falhos que somos.
Uma perfeita descrição do Michel, no auge de seus difíceis 15 anos de idade.
O Azarão” é bela história, destinada ao público jovem, porém simples e pouco emocionante. Mas que já mostrava os primeiros traços de um gênio da literatura moderna. Meu conselho é: não leia este livro se ainda não conhece os outros trabalhos do autor. Isso talvez lhe fará ter uma impressão errônea sobre o cara. Prefira antes se deliciar pelas páginas de seu perfeito “A Menina que Roubava Livros”, ou nas aventuras de Ed Kennedy, protagonista do belíssimo “Eu Sou o Mensageiro”.

2 comentários:

  1. Eu amooo esse livro! Ontem chegou o Bom de Briga e eu li muito rápido, não conseguia parar. O Cam é ótimo e o livro é, de certa forma, encantador!

    www.resenhasealgomais.com.br

    ResponderExcluir
  2. Preciso comprar urgente o "Bom de Briga". Eu adoro os trabalhos de Markus Zusak e quero ter toda a trilogia de Cam & cia, exibida em minha estante.
    Thaís muito agradecido por sua visita e comentário. É de muita valia... Sinta-se sempre á vontade para voltar, ler, comentar e trocar ideias.
    Um grande abraço!!!

    ResponderExcluir