Outro dia me encontrei com um
velho chegado chamado Maluco, num
bar perto de casa. Ele me falou que estava indo comprar sal para a esposa.
Juntou-se á mim na mesa, e passamos o resto da tarde papeando
descontraidamente. A maior parte do tempo o assunto foi sempre o mesmo:
Rock.
Conheço o cara á anos, mas se me
perguntarem seu verdadeiro nome, sinceramente eu não saberei o que responder. Por
uma simples razão: eu não sei o nome dele. Atende apenas pelo inusitado
apelido, no qual ele parece estar mais familiarizado do que aqueles termos
inseridos em sua certidão de nascimento... Se é que ele tem certidão.
Sua única e simples alcunha é “Maluco”.
Para quem o olha
superficialmente, o codinome não poderia ser mais apropriado. O velho Maluco é
um hippie de carteirinha; andarilho como manda o figurino; o tipo que não
conhece o significado da palavra vaidade; e um irreparável apaixonado pelas
bandas de rock da geração 60 e 70. Mas quem já teve a oportunidade de conversar
um pouco com o cara, sabe que não é apenas a mochila cheia que ele carrega nas
costas. Maluco é carismático e
possui uma mente recheada de experiência; de quem já viu cidades lindas,
conheceu gente de todo o tipo, e foi á mais shows do que eu jamais conseguirei
ir, em toda minha vida enfadonha e cheia de regras. E ele fez tudo isso na base
da canela.
“Hippie de verdade não aceita carona”, disse-me certa vez.
Sentado á mesa do bar, Maluco me contou que esteve no
Rock-in-Rio 2011, e viu de perto o show da banda Slipknot, que até então ele confessou jamais ter ouvido falar, por
mais incrível que isso possa parecer. Veterano é assim; sempre olha com certa
desconfiança para o rock atual... De qualquer forma, ele alegou ter ficado
impressionado com o som e a performance da banda. Eu falei que já conhecia o
trabalho do Slipknot e, tentando lhe
render aos novos tempos, prometi que gravaria um show para ele. Agradecido, Maluco disse que levaria para mim um
show das antigas do Led Zeppelin. Gabou-se de que se trataria uma relíquia
inestimável, na qual pouquíssimas pessoas possuíam.
E assim, o papo rolou fácil pelo
resto da tarde.
Lembrar-me das prosas com o Maluco é legal, porque para ele não há
distinção dentro do Rock. “Ouvir o que se
gosta é só o que importa”, dizia ele... E foi a recordação desta conversa
que me fez escrever este post. Porque naquela tarde, regados á petiscos e muita
cerveja gelada, nós falamos um pouco sobre heavy metal, Thrash Metal, Black Metal,
Symphony Metal, Nu Metal, Death Metal, Metalcore, Melodic Death, Folk Metal,
Gothic Metal, Hard Rock, Progressivo... Falamos de todos os metals e metals
pelo mundo afora. Em nossa roda de boteco, tudo era rock e assunto para
trocarmos ideias por horas.
E é para todas essas tantas
tribos do Metal que vai o meu abraço neste Dia
Mundial do Rock!
– Espera ai, Maluco – interrompi
o papo, quando me veio á mente uma vaga lembrança. Aquela altura, o céu já
havia escurecido – você não estava indo comprar sal para sua esposa?
– Ih, mermão... – ele deu um leve sobressalto, mas não me
pareceu muito preocupado – Não é que eu acabei me esquecendo dessa porra?
Melhor dizer pra patroa que demorei porque estava procurando pelo bairro
inteiro...Eu nunca soube se a ideia dele deu certo. Mas de uma coisa a mulher dele certamente sempre soube: pra ser casada com um “Maluco” apaixonado por Rock, às vezes é preciso relevar essas coisas.
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