sábado, 3 de fevereiro de 2018

RESENHA DE LIVRO – PEREGRINOS


Este é mais um daqueles livros que eu retiro da prateleira de promoções, sem sequer me dar conta de que estou diante de um autor aclamado por outra obra. PEREGRINOS veio parar em minhas mãos porque eu aprecio o gênero Contos, e dando uma breve analisada na contracapa e nos textos de orelha, resolvi comprá-lo.

A autora se chama Elizabeth Gilbert e ficou famosa mundialmente por uma obra de outro gênero que não li e nem tenho interesse, intitulada COMER, REZAR, AMAR (o marketing editorial não nos deixa esquecer, colocando uma lustrosa etiqueta na capa para que você saiba que está levando pra casa uma autora de sucesso). Portanto, bem diferente de muitos leitores brasileiros, eu não adquiri o livro aqui resenhado por conta de sucessos passados. De fato, eu não conhecia nenhum trabalho da autora.

A coletânea de contos nos remete ao que o título sugere: personagens em diferentes situações de transitoriedade, de migração existencial, algumas situações chegando a anunciar uma pegada mais subjetiva, algo que deixaria a reflexão a cargo do leitor... Mas infelizmente foi a ausência de intensidade no livro que não permitiu que o mesmo funcionasse.

Eu explico meu ponto de vista:

Elizabeth Gilbert narra seus contos de forma restrita; não parece haver nenhuma preocupação com linearidade, os textos parecem fragmentos extraídos de contos maiores. Tudo bem até aqui; penso que este tipo de narrativa atiça a imaginação e pode contribuir muito no quesito charme. Contudo, a autora exagera nos termos técnicos, faz muita referência geográfica e social, esquecendo-se de inserir aspectos particulares e intrínsecos em seus personagens. Por vários instantes fiquei com a sensação de estar lendo uma matéria de jornal ou revista, cujo conteúdo não vai além do meramente informativo.

Outra coisa que incomodou bastante foram os diálogos entre os protagonistas. Além de serem extremamente maçantes, as conversas parecem ter sido elaboradas por sistemas operacionais que tentam, sem sucesso, imitar o colóquio humano. Algumas falas soam tão artificiais que me fizeram rir, não pela situação em si, mas por conta das expressões robotizadas.

Já no primeiro conto, fui acometido de certa estranheza. Afinal, como se trata de uma coletânea é normal que alguns textos sejam melhores do que outros. Mas numa análise final, este é mais um livro esquecível, de textos que oscilam entre o mediano e ruim.

E caso você seja um amante de contos, como eu, certamente não será uma boa recomendação este PEREGRINOS. Aqui mesmo no Brasil está cheio de bons contistas contemporâneos, a preços bem mais generosos, mas que por ainda não terem em seus históricos bibliográficos uma obra antecessora campeã de vendas, acabam confinados ao anonimato.

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