Muitas vezes é preciso um
susto existencial para que possamos dialogar com a nossa interioridade. Eu
pergunto: até que ponto somos capazes de refletir sobre nossa maneira de
existir?
Branco
Como Arco-Íris é uma narrativa de contornos delicados, que
aproxima o leitor de sua própria sinceridade. O recôndito do ser que exige de
si nada menos do que a verdade guardada na alma. Nessa medida, cada parágrafo
avançado na leitura passa a ser entendido sob o olhar desconfiado de nós, leitores,
para a nossa aparente verdade.
O personagem principal neste
belo livro é um publicitário que se vê prestes a realizar uma tomografia
cerebral por recomendação de um médico. E a possibilidade fatal é o sacolejo na
alma que o faz se encher de deliberações íntimas e fantasiosas à cerca de seus
amores passados.
De um ângulo muito peculiar,
Branco Como Arco-Íris são confissões
cheias de saudosismos secretos do narrador; um breve diálogo com níveis
sensíveis de sua subjetividade. Açucarado na medida certa e tão delicioso que
até pode ser lido numa única tarde, acompanhado de uma xícara de chá.
Edgard
Telles Ribeiro transborda em talento escritural, em
despojamento prosaico e, sobretudo, em belas sacadas da fragilidade humana. Sem
se ater a temas fortes ou conteúdos clichês, aqui é a simplicidade cotidiana
que esbarra na possibilidade do trágico imaginário do que poderá ser o tal
exame tomográfico, deixando restar na mente de seu personagem a sutileza frágil
de quem espera encobrir incertezas com a emersão da saudade.
Em cada trecho do livro eu
tive que fazer pausas; refletir sobre mim mesmo; fazer anotações de coisas que
vinham não sei de onde... Deliberar sobre as incertezas que o personagem nos
instiga a pensar.
Pensar espaços inusitados,
mesclar o passado com fantasias imaginárias.
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