quarta-feira, 10 de outubro de 2018

RESENHA DE LIVRO – CARREGANDO O ELEFANTE


Talvez esta seja uma de minhas resenhas mais pessoais e menos técnicas feitas recentemente. Portanto, se estiver procurando sugestão a fim de saber se você deve ou não ler este CARREGANDO O ELEFANTE, receio que tudo o que estiver escrito aqui não lhe servirá como indicativo.

Começo fazendo esta observação por uma razão que considero crucial: embora não tenha gostado muito do livro, estou convencido de que este é um conteúdo de inserção eficientemente básica àqueles que estejam procurando um ponto de partida para entender a nossa ardilosa e dissimulada política atual.

CARREGANDO O ELEFANTE é um livro cujo conteúdo expõe de modo simplificado as razões pelas quais o Brasil não consegue sair do lamaçal fétido e vergonhoso o qual os nossos governantes nos atolaram. Aqui podemos encontrar os princípios básicos da problemática econômica e social, as agruras de um sistema centralizador, o nosso atual Estado insondável e os privilégios faraônicos que gozam os nossos governantes. Atrevo-me a dizer que o conteúdo é tão trivial que poderia ser usado até como ferramenta inicial para os estudantes que estão ingressando no ensino médio (lugar que infelizmente ainda se encontra completamente obscuro se pensarmos em política e economia).

Portanto, os autores Alexandre Ostrowiecki e Renato Feder aparentemente fizeram este trabalho numa tentativa nobre de alcançar o leitor leigo que ainda olha para os costumeiros autores que escrevem sobre política como se eles fossem alienígenas incompreensíveis. Eis então o motivo que me leva a crer que este livro não deve jamais ser desprezado: toda e qualquer tentativa de reverberar e expandir a mente propositalmente obscurecida da maioria dos brasileiros será sempre uma proposta bem-vinda.

Outro aspecto positivo é que os autores disponibilizaram a versão e-book gratuitamente no site deles, o Ranking Político. Aliás, eu considero este site ferramenta ainda melhor e mais eficaz até do que o livro. Nele se pode avaliar, num ranking de pontos pensado pelos organizadores do site, a eficiência de cada parlamentar eleito em nosso atual congresso.

Mas como resenhista eu preciso salientar que nem tudo são acertos. O livro apresenta alguns problemas estruturais e conceituais. A diagramação é feia, mas em se tratando de um conteúdo gratuitamente disponibilizado, isto não chega a ser um problema (eu li em formato e-book). Bem mais incômodos são os muitos erros gramaticais ao longo de toda a obra.

Já em relação ao conceito, sabemos que não se trata propriamente de erro, mas sim de discordância. Por toda a narrativa os autores explicitam de forma contundente que a privatização seria incontestável solução para o país. E opiniões à parte, sobre, isso o que incomoda é que eles apenas apontam a referida direção, mas não aprofundam em argumentos. E embora saibamos que de fato alguns aspectos sociais não fazem sentido continuar sendo mantidos sobre responsabilidade estatal, é preciso cautela para outros, cuja sugestão de privatizar carece de maior discernimento.

Por fim, eu reforço que este livro vale muito como conteúdo inicial para leitores que querem uma primeira proximidade com a literatura de política. Contudo, para os especialistas neste tema (obviamente não me incluo neste grupo, por isso quis ler a obra) o livro não detém os aparatos científicos que ajudam a refletir com maior propriedade a nossa tão complexa política brasileira.

2 comentários:

  1. Além de tudo o que disse, no site deles, que rankeia a atuação política desde 2015, não há a atuação de Jair Messias Bolsonaro. Por quê?

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    1. Suponho que o critério do site seja o de ranquear senadores e deputados federais. Como Bolsonaro agora é o presidente ele deixou de aparecer no ranking.

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