Existem poucas maneiras de fazer com que as histórias dos grandes nomes do boxe mundial cheguem até os ouvidos daquele que não se interessa em acompanhar o esporte (como no meu caso). E o cinema é um desses raros meios á parte. Foi através da sétima arte que eu ouvi falar, pela primeira vez, em James J. Braddock; campeão mundial dos pesos pesados e símbolo de superação neste esporte.
Contudo, limitar conhecer a vida
de grandes personagens que habitaram nosso passado, apenas através da telinha,
pode ser perigoso. Porque geralmente filmes precisam de uma versão mais
romantizada para atrair o público, e isso pode distorcer verdades e nos induzir
á conceitos preestabelecidos.
A versão cinematográfica de “Homem Cinderela” chama-se “A Luta Pela Esperança”. História que o
diretor Ron Howard foi até certo ponto fiel á vida de James J. Braddock, mas ele tiraniza seu adversário ao título
mundial, Max Baer, talvez para dar
maior impacto àquele que deveria ser o vilão cruel na trama.
Mas o fato é que Max baer, embora não tivesse sido exatamente
um amor de pessoa, era um boxeador talentoso, que lutava fácil, gostava da fama
e ás vezes era até carismático. Em momento algum no livro ele é apontado como um
homem arrogante cruel e frio, características que são acentuadas no Max do
filme.
Mas deixemos o filme de lado (que
por sinal, vale muito á pena conferir, mas sem se ater ao lado biográfico), e
vamos falar do livro do autor Jeremy
Schaap, que mostrou ser um obstinado pesquisador em busca dos fatos que
rondaram a vida de James J. Braddock
e os grandes boxeadores de seu tempo. Uma época marcada pela quebra da bolsa de
Nova York (1929), fato que gerou decadência social nos Estados Unidos e no
mundo; e pelo Boxe, que naquele tempo era o esporte mais prestigiado do país.
Diante de um cenário desolador e
desesperançoso, o Homem Cinderela (apelido que Braddock recebe na época)
protagoniza uma história de triunfo contra todas as adversidades, e se torna
herói nacional. James foi um boxeador promissor, até que uma sequencia de
derrotas, a mão direita quebrada e o crack da bolsa nova iorquina, o levam ao
fundo do poço. Braddock chega á ter que trabalhar em serviços braçais nas docas
e receber auxílio do governo para conseguir sustentar mulher e filhos. Seu agente
Joe Gould era o único que ainda sustentava
alguma esperança no boxeador.
Cerca de um ano depois, vivendo
sem nenhuma perspectiva, James J.
Braddock ressurge das cinzas como azarão, e numa incrível reviravolta, ele
se vê disputando o título dos pesos pesados, contra o atual astro e campeão mundial
Max Baer.É uma história de superação incrível, que não perde o brilho mesmo diante da autenticidade dos fatos, o principal objetivo do autor. Uma bela história para os fãs de boxe, assim como é um surpreendente livro, para os amantes de literatura; exatamente como no meu caso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário