Por trás da gloriosa conquista do lugar mais alto no topo e da obtenção de uma reluzente medalha olímpica, existe vida.
Vida que geralmente é sufocada pela obstinada busca pela
excelência no esporte. Certamente a abnegação desta mesma vida parece ser
condição primordial para que um atleta seja merecedor do lugar mais alto do
pódio.
Neste excelente trabalho, de título simplório, mas detentor
de conteúdo riquíssimo, o autor Chris
Cleave nos remete á uma história de superação e limites do ser humano, onde
um questionamento paira constante na mente do leitor: até onde seríamos capazes
de ir para conquistar a glória olímpica.
Eis a premissa deste fabuloso livro intitulado OURO.
A trama, que por sinal é muito simples, conta a história de
duas jovens que fazem parte de um grupo de ciclismo de elite, e juntas elas
vivem uma trajetória de sofrimento, luta e superação. O autor enriquece suas
personagens dando á elas personalidades distintas, que constantemente as coloca
em intensos conflitos. O enredo também está repleto de bons coadjuvantes, todos
envolventes e em harmonia com o desenrolar da história.
Há momentos em que eu adorava suas personagens, e noutros eu
era capaz de detestá-las facilmente. Uma delas, chamada Zoe, foi a que mais
mexeu comigo ao longo da leitura, talvez por ser uma mulher de temperamento
muito forte; dotada de um determinismo provocador. O autor me fez amar e odiar
Zoe em diversos instantes da obra. E no fim das contas, soube que eu a adorava
desde o início. Não há espaço para vilões aqui. O que temos são seres humanos
confrontando suas limitações e suas falhas.
Chris Cleave talvez tenha sido a maior descoberta
literária que fiz este ano. Ele sabe narrar de maneira brilhante os limites
físicos e emocionais das pessoas. Foi capaz de transformar um roteiro banal num
intenso relato da fragilidade humana. A leitura deste livro me fez sentir as
dores dos personagens, como poucos livros foram capazes de fazê-lo. Levou-me ás lágrimas em alguns instantes, e
arrancou sorrisos de meus lábios noutros. Não é um autor inovador, mas ele
consegue despertar sentimentos em seus leitores com facilidade absurda.
O livro mais conhecido dele chama-se PEQUENA ABELHA, e certamente estarei antenado neste, e em todos os
outros trabalhos deste promissor contador de histórias britânico.
Ouro foi uma excelente descoberta que fiz. Um livro
que quase não retirei da prateleira por parecer desinteressante, mas que valeu
muito á pena ter conhecido. É aquele tipo de leitura que faço devagar, temendo
que esta chegue ao seu final... Recomendadíssimo!
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