quinta-feira, 1 de outubro de 2015

RESENHA DE LIVRO: RAPSÓDIAS EM BERLIM


Não raro sou abordado por pessoas que conhecem o meu insaciável apetite por livros, me pedindo dicas de leitura. O último acercamento aconteceu há algumas semanas, no ponto de ônibus. Um conhecido me indagou à cerca de uma boa dica de livro de contos. Diante de tal solicitude, eu poderia lhe sugerir vários títulos, inclusive alguns grandes mestres do gênero por ele desejado. Mas fazendo valer uma de minhas recentes leituras, eu, sem pestanejar, recomendei-lhe que lesse o livro alvo desta resenha.

Porque a diversidade de contos que compõem esta obra belíssima, certamente atenderá a gregos e troianos.

Devo confessar que precisei consultar um dicionário para compreender desusada palavra que concebe o título, o qual faz referência a um dos contos deste excelente volume.

Rapsódias em Berlim é outro livro que tive sorte em descobrir, discreto e despretensioso, no meio de uma enorme prateleira de um Sebo. O autor Pedro Stiehl, gaúcho de Montenegro, nos entrega uma extraordinária reunião de narrativas distintas e precisas, de personagens cuja proximidade com o humanismo é capaz de fornecer ao leitor fortes reflexões sobre inusitadas situações.

Enquanto vamos nos deparando com construções literárias que facilitam o processo imaginativo, um filme vai se passando na mente do leitor. De mim, foi arrancado à força uma das raras certezas de que tenho na vida: a enorme sucessão de encontros inéditos, que caracteriza este nosso conturbado mundo.

Um texto que li e reli com especial carinho, foi “O Diabinho e a Sereia”, maravilhoso conto de uma garotinha questionadora e seu paciente avô, que em uma de suas constantes cavalgadas matinais, entram em embates filosóficos, existenciais e folclóricos. Uma prosa gostosa de ler, hilária em alguns instantes, reflexiva noutros. Este conto está logo no comecinho do livro, o que fez com que o autor me ganhasse para o resto da obra.

Ah, e se você está se perguntando, vai aqui a explicação para lhe poupar recorrer ao dicionário: Rapsódia é o nome dado a certas composições musicais e poéticas; Na Grécia antiga, dava-se o nome de Rapsódia, poemas épicos a serem recitados.

Rapsódias em Berlin é um trabalho que nos serve de exemplo de que, mesmo sem nos atermos aos grandes nomes da literatura, podemos encontrar talentos fabulosos procurando por espaço. Pedro Stiehl representa este talento, que nos trás a certeza de que no meio da salada referencial da literatura mundial, podemos ficar por aqui mesmo, nos autores brazucas, afinal, aqui tem gente muito boa, produzindo material de peso e qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário