Ao ler o título inusitado deste livro, a primeira coisa que
pensei foi na obviedade de sua afirmação. Á meu ver, toda e qualquer guerra
declarada, talvez com raríssimas exceções, já é por si um ato estúpido.
E mesmo que você seja amante do pacifismo como eu, e esteja
plenamente de acordo com a ideia de que toda violência, não importa a forma de
sua manifestação, é uma estupidez descabida, este livro merece sua atenção,
pois se trata de uma espécie de catálogo contendo as maiores imbecilidades
humanas, que só poderiam resultar em mortes, destruições e perdas. E não apenas
pelo triste fato de que numa guerra não há vencedores, mas também porque as
razões que desencadearam os conflitos aqui reunidos são simplesmente bestiais e
incompreensíveis. É um livro que traz à tona a realidade jamais revelada pela
didática escolar de história: a ignorância humana e seus resultados
catastróficos.
Desde os tempos das infundadas cruzadas, passando por Hitler
e sua corja de egocêntricos, até chegarmos à famigerada guerra fria, a história
retratada aqui possui uma ótica distinta, na qual o foco de reflexão aponta
para os arquitetos dos grandes conflitos e os motivos que desencadearam os
confrontos por eles arquitetados; quase todos forjados por ideias soberbas,
conceitos banais e decisões irrisórias...
Os autores procuraram fugir dos conceitos tacanhos que
geralmente permeiam os livros de história, quase sempre escritos para exaltar
os “heróis” vencedores dos conflitos ou simplesmente para denotar que houve em
determinado tempo uma guerra entre fulano contra ciclano. Sendo assim, Ed Strosser e Michael Prince, montaram um guia que reconstrói a história das
guerras, golpes e revoluções, a partir de uma visão imparcial. E o resultado
não poderia ser mais óbvio: praticamente todos os conflitos mundanos não passam
de deliberações idiotas que só resultaram em perdas humanas.
Estes minuciosos autores, além de relatar os grandes centros do
mundo, também não se esqueceram deste cantinho latino do planeta. A obra se
envereda pela América do Sul, onde descobriremos o que parece ser o lado mais
esdrúxulo dos conflitos armados. E é nesta canja de imbecilidade coletiva, que
finalmente encontramos o nosso querido Brasil, que também teve sua dose de
estupidez, ao participar, entre outros conflitos não citados, da Guerra da
Tríplice Coroa.
Um aspecto que me incomodou um pouco durante a leitura, foi o
leve teor cômico que os autores optaram em usar na condução textual da obra. Achei
que a tentativa de fazer com que as situações narradas se tornassem hilárias
não deu muito certo. No entanto, este resultado falho pode ter sido oriundo de
uma tradução pouco eficiente. Mas mesmo este pequeno problema não chega a
incomodar muito.
O livro possui um eficiente grau de detalhes históricos,
aprofunda onde pouco se falou em outros livros, e é assertivo quanto a ideia de
retratar o lado mais imbecil dos homens: fazer guerras para solucionar questões
que poderiam facilmente ser resolvidas de maneira menos dolorosa. Afinal, se
guerras fossem a resposta para o bem comum da humanidade, certamente nós já
teríamos erradicado a dor e o sofrimento deste mundo conflituoso.
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