sábado, 27 de fevereiro de 2016

RESENHA DE LIVRO – GUERRAS ESTÚPIDAS


Ao ler o título inusitado deste livro, a primeira coisa que pensei foi na obviedade de sua afirmação. Á meu ver, toda e qualquer guerra declarada, talvez com raríssimas exceções, já é por si um ato estúpido.

E mesmo que você seja amante do pacifismo como eu, e esteja plenamente de acordo com a ideia de que toda violência, não importa a forma de sua manifestação, é uma estupidez descabida, este livro merece sua atenção, pois se trata de uma espécie de catálogo contendo as maiores imbecilidades humanas, que só poderiam resultar em mortes, destruições e perdas. E não apenas pelo triste fato de que numa guerra não há vencedores, mas também porque as razões que desencadearam os conflitos aqui reunidos são simplesmente bestiais e incompreensíveis. É um livro que traz à tona a realidade jamais revelada pela didática escolar de história: a ignorância humana e seus resultados catastróficos.

Desde os tempos das infundadas cruzadas, passando por Hitler e sua corja de egocêntricos, até chegarmos à famigerada guerra fria, a história retratada aqui possui uma ótica distinta, na qual o foco de reflexão aponta para os arquitetos dos grandes conflitos e os motivos que desencadearam os confrontos por eles arquitetados; quase todos forjados por ideias soberbas, conceitos banais e decisões irrisórias...

Os autores procuraram fugir dos conceitos tacanhos que geralmente permeiam os livros de história, quase sempre escritos para exaltar os “heróis” vencedores dos conflitos ou simplesmente para denotar que houve em determinado tempo uma guerra entre fulano contra ciclano. Sendo assim, Ed Strosser e Michael Prince, montaram um guia que reconstrói a história das guerras, golpes e revoluções, a partir de uma visão imparcial. E o resultado não poderia ser mais óbvio: praticamente todos os conflitos mundanos não passam de deliberações idiotas que só resultaram em perdas humanas.

Estes minuciosos autores, além de relatar os grandes centros do mundo, também não se esqueceram deste cantinho latino do planeta. A obra se envereda pela América do Sul, onde descobriremos o que parece ser o lado mais esdrúxulo dos conflitos armados. E é nesta canja de imbecilidade coletiva, que finalmente encontramos o nosso querido Brasil, que também teve sua dose de estupidez, ao participar, entre outros conflitos não citados, da Guerra da Tríplice Coroa.

Um aspecto que me incomodou um pouco durante a leitura, foi o leve teor cômico que os autores optaram em usar na condução textual da obra. Achei que a tentativa de fazer com que as situações narradas se tornassem hilárias não deu muito certo. No entanto, este resultado falho pode ter sido oriundo de uma tradução pouco eficiente. Mas mesmo este pequeno problema não chega a incomodar muito.

O livro possui um eficiente grau de detalhes históricos, aprofunda onde pouco se falou em outros livros, e é assertivo quanto a ideia de retratar o lado mais imbecil dos homens: fazer guerras para solucionar questões que poderiam facilmente ser resolvidas de maneira menos dolorosa. Afinal, se guerras fossem a resposta para o bem comum da humanidade, certamente nós já teríamos erradicado a dor e o sofrimento deste mundo conflituoso.

É leitura indispensável, pois talvez se aprendermos a nos tornar conhecedores de nossa ignorância, poderemos ser menos estúpidos ao tomarmos decisões.

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