Genialidade narrativa é
condição afiançada nos contos do mestre Rubem
Fonseca. E embora esta não seja a melhor compilação deste autor, podemos
encontrar um pouco da textualidade eloquente que se tornou marca registrada e
fez deste contista um dos maiores escritores do nosso país. Tirar o velho Rubem
das prateleiras é ato garantidor de se estar levando pra casa um livro extraordinário,
ou no mínimo desconcertante.
Mas para o caso de você ser
um leitor que ainda não conhece o universo Fonsequiano,
creio que este SECREÇÕES, EXCREÇÕES E
DESATINOS não venha à ser o livro ideal para se iniciar este grande autor,
justamente porque aqui as coisas tendem a ser menos extraordinárias e mais desconcertantes.
Narrados em primeira pessoa,
praticamente todos os contos dessa obra possuem uma pegada coloquial que
discorre situações de difícil abordagem, principalmente do ponto de vista
literário. O Grande Rubem pega o leitor pelo braço e o conduz a uma viagem através
dos resíduos fétidos não utilizáveis do corpo humano. E para suportar esta
ordinária leitura é preciso uma dose cavalar de desatino, como sugere o título.
Faço esta observação porque
apesar de ser outro bom trabalho do autor, este me parece um pouco ácido, o que
pode comprometer a análise do leitor de primeira viagem; aqueles que ainda não
conhecem o cunho enxuto e erudito de Fonseca.
Mas é do cara que estamos
falando, portanto, o brilhantismo fica por conta da sincronia entre Rubem e
leitor. E talvez para que esta coletânea seja bem digerida, é preciso que se
tenha certa imparcialidade frente à sua premissa ousada e indecorosa... Porque
algumas artes carecem de um olhar passivo e sensato para que sua beleza seja
reluzida.
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