Minha segunda incursão numa
obra de Chris Cleave serviu para confirmar
o que eu já suspeitava: ele é mesmo um excelente contador de histórias
contemporâneas. Desde que li Ouro,
obra menos notória do cara (vide resenha aqui no blog), fiquei maravilhado com
a precisa condução narrativa e ótimos personagens. E neste PEQUENA ABELHA a elevada dose criativa se repete.
Este é o livro mais famoso
de Chris Cleave e, de fato, merece todo o prestígio. Mas confesso que gostei mais de Ouro. E embora aqui o preciosismo literário do autor também seja
fascinante, eu achei que em certa altura da trama, esta acaba dando relativa
amornada. No entanto, mesmo que esta leve queda seja sentida, a obra como um todo permanece
formidável.
A trama conta a historia de
uma garota refugiada da Nigeria que tentou entrar clandestinamente na
Inglaterra, mas acabou indo parar numa casa de detenção de refugiados.
Alternadamente também acompanhamos a trajetória de Sarah, uma editora de classe
média que apesar do sucesso profissional, leva uma vida infeliz. Logo no início
da história algumas revelações já começam a entremear as duas protagonistas
principais. Portanto, não dá pra falar muito sobre a trama pra não cometer nenhuma
gafe. Só o que posso adiantar é que Chris
Cleave constrói um enredo arrebatador e cheio de revelações, onde ninguém é
impoluto ou irreprovável.
Narrado em primeira pessoa,
cada capítulo possui uma protagonista como contista, sendo que meus capítulos
favoritos são os narrados pela heroína que dá título à obra. Abelhinha é um
doce de garota e seu ponto de vista comparativo, ao falar diretamente com o
leitor sobre as diferenças e semelhanças de seu país com a Inglaterra são
geniais.
Pois é quando estamos
acompanhando o dia-dia de Sarah que achei que o ritmo da história acabou
perdendo um pouco de brilho. Mas creio que mesmo este ato fora proposital,
afinal, a personagem denota traços depressivos, o que acaba respingando na
leitura.
Os personagens secundários
também possuem características distintas e interessantes, mas mesmo sobre estes
detalhes não poderei falar muito, pois posso acabar revelando detalhes que
tirariam a graça de quem ainda vai ler. Um único sujeito que dá pra falar é do Batman;
o pequeno filho de Sarah que é fascinado pelo herói dos quadrinhos. O moleque
vive enfiado em fantasias do morcegão e passeia pela sua infância à procura de
malfeitores para derrotar.
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