Sem mais delongas: homem é
acusado de assassinar a própria esposa, encontrada morta em sua casa, e a única
pessoa que pode ajudar a atestar sua inocência e livrá-lo da cadeira elétrica,
é uma mulher sem nome, sem rosto, sem ao menos alguma testemunha que a tenha
visto junto ao protagonista na noite em que ocorreu o assassinato. Em suma, ela
é a DAMA FANTASMA do título.
Apesar de uma capa agradável
e um autor famoso por sua obra JANELA
INDISCRETA, foi por conta desta curta e intrigante sinopse que levei este
livro pra casa. Cornell Woolrich tenta
desenvolver uma trama envolvente e enigmática, mas seu protagonista é apático, embora
não chegue a ser repugnante. O livro também possui alguns instantes confusos, principalmente
da metade em diante. E embora tudo seja explicado no decorrer da leitura,
acabamos aterrissando num final que prova que apenas manter o mistério não
garante o brilhantismo da obra.
Aborrecido por conta de
tumultos conjugais, Scott Henderson sai pra noite para espairecer, encontra uma
moça que aceita lhe fazer companhia, mesmo sem que haja formalismos triviais
como trocar nomes ou qualquer informação sobre o outro. O casal entra num
acordo inusitado e passa algumas horas na noite de Nova York, curtindo os
prazeres boêmios de maneira descompromissada. O problema começa quando
Henderson chega em casa e da de cara com uma equipe policial já em processo de
investigação por conta da esposa encontrada morta no quarto. O cara se torna o
principal suspeito e a única pessoa que pode comprovar que ele não esteve em
casa no instante do crime é uma mulher sem nome, a qual ele não se lembra de
nada, nem sequer de detalhes físicos. E pra piorar a situação, a polícia
investiga todos os recintos em que o casal esteve, onde as pessoas afirmam
reconhecer Henderson, mas ninguém parece se lembrar da mulher que esteve em sua
companhia.
A situação do pobre
condenado se torna tão improvável, que em alguns instantes chegamos a pensar
que estamos diante de um caso de insanidade e que o final descambará num crime
de delírio psicopata... Nisso, a obra tem sua genialidade.
Uma das melhores cenas do
livro fica por conta da narração de uma moça sentada no balcão de um bar,
encarrando de maneira acintosa e causando constrangimentos no barman. A
narrativa detalhista do autor, circunstanciando uma relação de pura intimidação
oriunda de um ser a subjugar outro com seu irrefreável olhar, é simplesmente extraordinária.
Mas nem tudo são acertos, e
Cornell parece perder o fôlego conforme a trama avança. Achei que o autor se
enrola um pouco da metade em diante, inserindo situações embaraçosas
orquestradas em sua maioria por um novo personagem que surge para tentar ajudar
o amigo condenado à morte. A história muda e ficamos com este personagem e suas
investigações confusas, até chegarmos ao desfecho que, embora não fora
previsível, passou longe de ser brilhante.
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