sábado, 3 de novembro de 2018

RESENHA DE LIVRO – A MORTE TAMBÉM FREQUENTA O PARAÍSO


“Et in arcadia ego”, no original que o título fraseado significa, nos é apresentado logo no início desta decente obra de um autor que ainda não conhecia chamado Lev Raphael.

A MORTE TAMBÉM FREQUENTA O PARAÍSO é um romance policial, mas que foge aos costumes e maneirismos do gênero. Aqui encontramos uma mescla de suspense, comédia, novela e drama, não necessariamente nesta ordem, mas entremeados ao longo de suas trezentas páginas.

A trama conta a história de Nick Hoffman, um professor gay que leciona na Universidade Estadual de Michigam, palco do assassinato brutal de um aluno, ocorrido durante uma manifestação dentro das imediações da escola. De cara o leitor simpatiza com este personagem, por seu carisma, simplicidade e lucidez. Nick é o tipo de pessoa agradável em se ter como companhia numa mesa de bar. E sua natureza homossexual funciona muito bem para elevar a credibilidade. Ele se lança na investigação do rapaz morto, mas o faz de forma a compreender sua própria neurose em achar que a morte o persegue.

A junção deste atraente personagem com a narrativa diversificada foi o maior acerto do autor. A trama segue em primeira pessoa, ou seja, acompanhamos o que Nick está vendo, condição que nos remete aos conceitos e análises de alguém que é leigo em investigação. Isso é ótimo para aumentar a empatia com ele e também ajuda a narrativa a fugir dos termos técnicos que costumam chatear este tipo de gênero.

Lev Raphael possui uma pegada textual prolixa e cômica que me fez lembrar Marian Keyes em alguns momentos. E embora essa condução corra o risco de sustentar momentos maçantes, este autor consegue manter uma linha expositiva aprazível na maior parte do texto.

Um aspecto que pode incomodar um pouco é quanto às muitas referências feitas ao longo da história. Tanto narrador quanto personagens coadjuvantes recheiam a narrativa com citações e referências que vão desde o cinema, passam pelo pop e até culinária. Isso é comum quando se trata de um autor que conduz o texto de modo loquaz, mas a frequência exposta aqui me deixou com uma leve sensação de pedantismo.

No geral A MORTE TAMBÉM FREQUENTA O PARAÍSO é um livro simpático, de final nem um pouco arrebatador e amparado por uma trama que me fez dar boas risadas. Certamente farei incursões futuras das outras obras de Lev Raphael.

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