O título contendo dois nomes
de considerável importância, escritor e personagem bíblica, impulsiona o leitor
e enche-o de curiosidade a respeito do conteúdo. Goethe, pensador e escritor
alemão do século XVII, criador do personagem icônico Fausto, dividindo espaço
com Barrabás, figura bíblica que foi um dos extremos do primeiro plebiscito que
se tem notícias, terminou por receber a liberdade, enquanto o filho de Deus foi
parar na cruz.
Quando me deparei com o
título deste livro, retirei-o com vontade de entender sua premissa. E embora a
sinopse não dissesse muita coisa, e o meu minguado conhecimento de literatura
deixou escapar o nome de Deonísio da
Silva, eu quis levar para casa e descobrir do que se tratava.
Foi um achado prazeroso.
A pegada irônica do autor
recheia sua obra com personagens ilustre da literatura ou canônicas, percorre
os preâmbulos nebulosos da mente insegura do ser humano e desagua num universo
cheio de metáforas cujo pano de fundo é o escopo do Fausto de Goethe: a vontade
inerente do homem a alcançar desejos inalcançáveis, e para isso fazer uma
barganha com o diabo.
Na trama, nem um pouco
previsível, Barrabás encontra na pureza de Salomé a chance de viverem juntos
uma bela história de amor. E entremeio aos cativantes personagens que surgem em
tempos não lineares, o questionamento máximo aqui sugerido: como ser feliz sem
ter que vender a alma ao diabo?
E falando em personagens,
quase todos são por demais interessantes. Desde a avó descolada, o padre que nega
sua religiosidade no leito de morte, até um estimado animal de estimação,
praticamente todos aqui cativam o leitor a ponto de me fazer achar que alguns
foram pouco explorados.
Os diálogos são o que de mais
charmoso se encontra aqui; o olhar sobre cada tema abordado; a introdução dos
capítulos as quais se notam as metáforas fazendo amálgamas de mundo velhos com
o atual; a originalidade reflexiva em cada opinião... O texto não se acanha e
vai desenvolvendo temas, lançando reflexão na mente do leitor.
A obra parece fazer
analogias o tempo inteiro (ou eu terei que fazer releituras para absorver
melhor a mensagem incutida), algumas metáforas se inserem seguidamente, como
mencionei anteriormente, e nos deparamos com uma história gostosa de ser lida;
de pessoas admiráveis e cheias de incertezas.
O capítulo final pareceu o
menos atraente. Talvez o percurso agradável da leitura tenha me tornado um
pouco exigente em relação ao seu término, mas fiquei com uma leve sensação de
que faltou um pouco mais do charme destilado por todos os cantos. De qualquer
forma, o nome de Deonísio da Silva,
este ilustre desconhecido, já está anotado para que eu procure por mais de seus
trabalhos.
GOETHE E BARRABÁS é um livro diferente
e que vale à pena ser lido. Diverte, provoca e destila um charme narrativo não
muito fácil de encontrar por aí. Poderia ter explorado melhor algumas
personagens, mas talvez essa observação seja oriunda da leve frustração por considerar
a obra tão enriquecida e ao mesmo tempo tão curtinha...
NOTA: 8,1
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