Livros que abordam temas
complexos de um modo fácil e sustentando linguagem coloquial, deveriam ser
obrigatórios em nossas escolas. Não é a primeira vez em que expresso essa
opinião, mas é que ela retorna à minha mente sempre que leio uma obra com tais
características.
GUIA
POLITICAMENTE INCORRETO DA ECONOMIA BRASILEIRA
escapa dos termos técnicos, dispensa a linguagem acadêmica e entrega seu
conteúdo de modo a parecer uma conversa descontraída entre amigos num bar. Ou
seja, os elementos aqui são fundamentais para quem deseja se inserir em
assuntos herméticos.
Num primeiro momento a
condução informal da obra pode soar um pouco displicente, como se o autor
estivesse lidando com economia de forma leviana. Mas o truque é encarar o livro
como porta de entrada para o assunto proposto. E exatamente isso que o autor
faz: uma crítica ao pensamento raso e automático que está incutido na mente da
maioria dos brasileiros. Colocar uma interrogação sobre aquilo que parece obvio
na truncada economia desse país é um convite do autor para que se acione o
pensamento crítico tomando esse livro como ponto de partida para leituras mais
abrangentes.
Alguns temas levantados aqui
parecem superados num primeiro momento, como, por exemplo, o pensamento do
trabalhador brasileiro que considera o patrão um ser maléfico e que deve ser
vigiado em rédeas curtas pelo estado, que neste mesmo pensamento equivocado,
enxerga nossa legislação trabalhista como um mecanismo divino a proteger os
pobres e indefesos trabalhadores. A inclinação libertária e direitista do autor
talvez incomode possíveis leitores extremistas de esquerda, o que não é o meu
caso. Raramente me desassossego com algum tema, pois me considero um leitor
curioso demais para me render a rótulos restritivos.
Leandro
Narlock é jornalista e foi repórter da revista Veja. Também foi
editor da Superinteressante e Aventura na História. Portanto, o teor
jornalístico é notável por todo conteúdo deste volume, assim como também a
devida inserção de suas fontes estão expostas para quem quiser se aprofundar ou
verificar a autenticidade do que está sendo dito (mesmo que algumas dessas
fontes sejam parciais, pelo menos elas estão aqui para serem contempladas).
Eu até poderia considerar a
escassez de profundidade na maioria dos temas (tive esse mesmo incômodo ao ler
o Guia Politicamente Incorreto da
Filosofia, escrito pelo Luiz Felipe
Pondé), mas acredito que não é essa a premissa em nenhum dos volumes da
série Politicamente Incorreto. A contradição é levantada aqui como pontapé
inicial, o que nos leva a pensar um pouco no escopo do título, ao usar o termo
“guia”. Não dá pra dizer que estamos diante de um guia, pois falta aqui a
mecânica instrutiva que compõe um livro que sirva como manual de instrução de
verdade.
NOTA: 7,6
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