segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

RESENHA DE LIVRO - O Dossiê Iscariotes


Uma Trama bem elaborada, um thriller de suspense, um autor com anos de experiência em jornalismo, e até título e capa envolventes, foram as premissas de Marcos Losekann para sua primeira investida literária. Sim, pois seu livro, “O Dossiê Iscariotes”, parecia ter todos os ingredientes para garantir seu espaço entre os grandes Best-sellers mundiais.
Contudo, acho que o trabalho do repórter da Globo não foi muito além dessa mesma “Premissa”, o que não quer dizer que seu livro seja propriamente ruim. Eu diria mediano e esquecível.
Uma pena, pois de fato, Losekann tinha em mãos todos os ingredientes para elaborar um excelente trabalho: um enredo bem bolado e anos de jornalismo. Mas talvez essa mesma vasta experiência, que deveria ter sido seu grande trunfo, acabou tendo um efeito contrário, deixando seu trabalho um pouco extenuante.
O romance policial (o autor prometeu que este é o primeiro volume de uma trilogia), conta a história de um correspondente jornalístico (por que será?), Anderlon Gonçalves Valderês, o AGV, que cobre uma série de reportagens que vão desde uma rebelião num presidio de Manaus, que acaba resultando na morte de todos os presos envolvidos e de uma freira, que era mantida como refém; ao assassinato de um seringueiro chamado Chico Mendes. Motivado por seus instintos jornalísticos, AGV se aprofunda nos fatos e acaba descobrindo que a chacina na prisão, foi na verdade um golpe de queima de arquivos.  E conforme a coisa vai se desenrolando, AGV, um homem ateu, se vê em meio á aparições sobrenaturais da freira morta, e outras situações que colocarão é prova todo o seu ceticismo.
Mas se a trama parece envolvente, Losekann peca no desenvolvimento de seus personagens. Praticamente todos são apáticos e sem-graças, começando pela figura principal, o AGV, narrado sempre como um profissional perfeito, politicamente correto, que escreve impecavelmente, é incansável e um perito em investigação. E pra balancear com tantas qualidades, lhe fora atribuído uma saúde debilitada por conta da AIDS. Mas nem isso ajudou a tirar de AGV sua condição de verdadeiro “chato”. Quanto aos demais personagens, diante de um herói tão magnífico, ficaram com a pequenez de coadjuvantes, que nada fazem além de esbarrar na jornada de AGV, para... Para nada.
Outro detalhe que deixou as coisas um pouco ruins foi o estilo jornalístico da trama. Justamente por se tratar de um personagem que rala exatamente na mesma profissão que o autor, a história ficou infestada de situações á cerca das atividades diárias de um correspondente brasileiro. E muitos relatos nesse sentido tornou a coisa meio cansativa...
Acho que Marcos Losekann merece os aplausos por sua ousadia. Porque geralmente quando jornalistas escrevem, contam apenas em documentários suas aventuras ao longo da carreira. E Marcos arriscou-se num suspense literário, no qual provou que possui talento para tal, mas que ainda precisa de amadurecimento nessa difícil arte de desenvolver histórias.

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