sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RESENHA DE LIVRO – A VOLTA DO PARAFUSO


Eu já havia lido em torno de quarenta páginas deste impressionante “A Volta do Parafuso”, quando percebi que meu senso de compreensão do texto estava literalmente “entrando em parafuso”. Então parei tudo e retomei a leitura desde o início, passando a manter um ritmo mais lento e ora fazendo pausas, para tentar discernir melhor cada capítulo. E isso não se deve apenas ao fato de que o texto possui uma linguagem formal, mas principalmente em razão de que essa era exatamente a proposta do escritor norte-americano Henry James: manter um clima misterioso e assustador ao longo da história. James constrói o texto com uma incrível habilidade em ocultar informações, deixando o leitor á cargo de sua própria imaginação. Em suma, o ponto de vista, que aqui é narrado em primeira pessoa, nos faz oscilar constantemente entre fantasia e realidade.
A melhor definição para a experiência de se ler este livro, é a de que simplesmente não há uma definição apropriada. A Volta do Parafuso é um livro de terror psicológico que não pode ser racionalmente compreendido. E acredito que este seja seu principal atributo.
A trama conta a história de uma Governanta contratada para cuidar de duas crianças órfãs, que vivem numa mansão situada no interior de uma Inglaterra da era Vitoriana. Elas foram deixadas sob a guarda legal de um Tio, que é quem contrata a Governanta. E as situações estranhas começam aí, quando a primeira exigência feita pelo Tio das crianças é a de que ele jamais deverá ser incomodado, em nenhuma hipótese. A história é narrada pela própria preceptora, que imediatamente se vê em meio á uma casa cheia de mistérios, assombrada por espectros que, segundo as convicções nada confiáveis da Governanta, estão interessados nas duas crianças. E as conclusões destes e de outros mistérios ficam á cargo do leitor.
O mais impressionante no livro é o clima psicológico assustador que o autor consegue manter por quase toda a história. Henry James se mostra completamente afiado na habilidade de deixar seus textos á cargo da interpretação de quem lê. Em todo momento da história não sabemos se a narradora está mesmo vivendo situações sobrenaturais ou se está somente imaginando coisas.
Uma obra de arte que instiga nossa reflexão. Recomendo!

2 comentários:

  1. Ler quarenta paginas e voltar ao início, só sendo Michel Soares... mas o livro parece ser mesmo muito interessante, deu até vontade de ler, mas já que você, um leitor de carteirinha, precisou voltar ao inicio pra entender, não me arrisco. ;)

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  2. De fato, a linguagem do livro é um pouco complicada. Foi escrito originalmente no século XIX, portanto, a escrita segue os padrões da época. É um ótimo livro, mas não recomendado para quem está iniciando na literatura. Beijos!!

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