Eu já havia lido em torno de quarenta páginas deste impressionante “A Volta do Parafuso”, quando percebi que meu senso de compreensão do texto estava literalmente “entrando em parafuso”. Então parei tudo e retomei a leitura desde o início, passando a manter um ritmo mais lento e ora fazendo pausas, para tentar discernir melhor cada capítulo. E isso não se deve apenas ao fato de que o texto possui uma linguagem formal, mas principalmente em razão de que essa era exatamente a proposta do escritor norte-americano Henry James: manter um clima misterioso e assustador ao longo da história. James constrói o texto com uma incrível habilidade em ocultar informações, deixando o leitor á cargo de sua própria imaginação. Em suma, o ponto de vista, que aqui é narrado em primeira pessoa, nos faz oscilar constantemente entre fantasia e realidade.
A melhor definição para a experiência de se ler este livro, é a de que simplesmente não há uma definição apropriada. A Volta do Parafuso é um livro de terror psicológico que não pode ser racionalmente compreendido. E acredito que este seja seu principal atributo.
A trama conta a história de uma Governanta contratada para cuidar de duas crianças órfãs, que vivem numa mansão situada no interior de uma Inglaterra da era Vitoriana. Elas foram deixadas sob a guarda legal de um Tio, que é quem contrata a Governanta. E as situações estranhas começam aí, quando a primeira exigência feita pelo Tio das crianças é a de que ele jamais deverá ser incomodado, em nenhuma hipótese. A história é narrada pela própria preceptora, que imediatamente se vê em meio á uma casa cheia de mistérios, assombrada por espectros que, segundo as convicções nada confiáveis da Governanta, estão interessados nas duas crianças. E as conclusões destes e de outros mistérios ficam á cargo do leitor.
O mais impressionante no livro é o clima psicológico assustador que o autor consegue manter por quase toda a história. Henry James se mostra completamente afiado na habilidade de deixar seus textos á cargo da interpretação de quem lê. Em todo momento da história não sabemos se a narradora está mesmo vivendo situações sobrenaturais ou se está somente imaginando coisas.
Uma obra de arte que instiga nossa reflexão. Recomendo!
Ler quarenta paginas e voltar ao início, só sendo Michel Soares... mas o livro parece ser mesmo muito interessante, deu até vontade de ler, mas já que você, um leitor de carteirinha, precisou voltar ao inicio pra entender, não me arrisco. ;)
ResponderExcluirDe fato, a linguagem do livro é um pouco complicada. Foi escrito originalmente no século XIX, portanto, a escrita segue os padrões da época. É um ótimo livro, mas não recomendado para quem está iniciando na literatura. Beijos!!
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