Dizem que o Diabo é um sujeito muito bom em orquestrar suas vinganças. Mas o “tinhoso”, segundo os ideais da autora Lauren Weisberger, parece ter perdido seus colhões. E nem mesmo as peripécias do maligno conseguiram dar um gás neste, que é a sequência do aclamado “O Diabo Veste Prada”.
Não deve ser uma missão muito simples compor um livro que dá
continuidade á um best-seller. E este “A
Vingança Veste Prada” conseguiu o que queria, pelo menos quanto ao sucesso
nas livrarias. Mas ele esbarra na mesma tecla que seu antecessor, ou seja, é de
uma mesmice um pouco cansativa. Novamente a autora nos entrega algo longo
demais para uma trama pouco diversificada.
Uma tentativa de mudança que eu achei infeliz foi que agora a
história está narrada na terceira pessoa. Não temos mais a personagem principal
Andrea Sachs nos brindando com seus diálogos doces e inconstantes. Agora o livro
possui um narrador paralelo á trama. E em minha opinião isso não funcionou
muito bem.
A trama outra vez é fraquinha. Podemos continuar acompanhando
as nem tão excitantes aventuras de Andrea Sachs, que anos após ter sofrido na
agência de um certo diabo, agora toca sua vida de modo progressivo; ela está
prestes á se casar e tornou-se amiga e sócia de sua odiada colega do antigo
trabalho na Runway, Emily. Juntas, elas fundaram uma revista de luxo sobre
casamento. E é justamente o sucesso deste novo empreendimento o que atrai
alguns indesejáveis que Andrea pensou estarem enterrados em seu passado.
Só que por mais que a história dessa vez tenha um pouco mais
de vigor, infelizmente o diabo do título é menos que uma coadjuvante. Este raramente
aparece, deixando apenas sua suposta aura maléfica encarregada de atormentar a
pobre Andrea. É como se a mente da personagem já fosse suficiente para deixar
seus nervos em frangalhos.
Embora o glamour das grandes grife mundiais se manifestem com
menos intensidade nesta continuação, ainda há a mesma preocupação com o charme
detalhista e diversificado no figurino dos personagens. "A Vingança Veste Prada" segue a mesma linha narrativa, cheia de
beleza e rica nas minúcias.
Não me atrevo á afirmar que esta sequência seja
melhor que seu antecessor. Apenas me permito dizer que temos aqui um roteiro
com um pouco mais de situacionismos, o que já é uma grande sacada. O problema
só ficou por conta do ofuscamento de Miranda Priestly, que justamente por
ostentar o título de vilã da história, deveria ser um pouco mais aproveitada. Também
não gostei da narrativa em terceira pessoa. No mais, Lauren Weisberger segue
com sua impecável escrita, que embora seja pouco engraçada, é original, rica em
detalhes e um tanto charmosa.
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