sexta-feira, 1 de agosto de 2014

RESENHA DE LIVRO – BOM DE BRIGA


O sentimento permanente que ficou, ao término deste livro, foi de insatisfação. Só que não era um descontentamento com o livro em si, ou com o seu conteúdo. Mas por ele simplesmente ter acabado. Sim, este magnífico “Bom de Briga” poderia muito bem ter mil páginas que certamente não nos deixaria entediado. Suas duzentas e oito páginas parece pouco espaço para um recheio agigantado por personagens carismáticos, mesmo se pensarmos no menor dos coadjuvantes.
Bom de Briga é o segundo volume de uma trilogia, que começou com O Azarão (vide resenha neste blog). E esta continuação se mostrou bem mais encorpada do que seu antecessor, que em minha opinião foi o trabalho menos expressivo desde gênio da literatura moderna, chamado Markus Zusak.
E por falar no autor, há muito eu já aprendi que é impossível deixar de aplaudir seus trabalhos. Markus Zusak é extremamente habilidoso em criar personagens cativantes. Nos faz aprender a gostar deles, rápido, justamente por conta de sua fórmula que serve como válvula de escape para os padrões literários atuais: o caricato herói elevado, forte, intelectual; exemplo de ser humano perfeito.
Não. Os Personagens aqui são falhos, fracos, cheios de dúvidas, seres em intrincada evolução. Mas que nunca desistem e que têm como sua maior virtude esta mesma persistência. Talvez isso faça com que nos sintamos mais próximos, mais identificados com eles.
A trama segue a narrativa em primeira pessoa do primeiro livro. Portanto, voltamos a ter uma visão de mundo, contada pelos diálogos gostosos de Cameron Wolfe. A história, que agora possui um enfoque maior nas relações familiares, mostra os irmãos Cameron e Ruben, mais velhos e ainda unidos, tentando se encontrar no mundo. E no meio dessa busca pela autodescoberta, é o boxe amador que acaba descobrindo os dois irmãos. No entanto, a premissa não é centrada, ou seja, não estamos diante de um livro sobre boxe, mas uma história de relacionamento humano. Principalmente entre irmãos, que ostentam um vínculo de amor que se alterna entre indiferença e insegurança, mas que é fiel até as últimas consequências (eu cresci com outros dois irmãos homens, por isso ás vezes até me identifiquei com alguns diálogos e situações). É justamente a relação entre os dois irmãos, e a vivência dentro do conturbado mundo da família Wolfe, o que torna este livro tão abundante. Mesmo nos instantes em que os membros coadjuvantes da família nos são mostrados, ficamos com vontade de querer saber mais sobre eles, o que acontece em suas particularidades, ou como eles se meteram onde se encontram. O enredo não deixa ninguém ofuscado, mesmo aqueles que só aparecem ocasionalmente. E o final, embora não seja nada impactante ou inovador, quase me fez ir ás lágrimas.

Esperarei para ler a conclusão, cheio de expectativas. Porque se há uma coisa que eu sei que posso fazer, sem nenhum receio, é retirar das livrarias os livros desse mestre chamado Markus Zusak, seguro de não estar levando porcaria pra casa.

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