A vantagem de se ter o blog menos lido do mundo, como é o
caso deste, é que jamais serei apedrejado por expressar minha opinião. E esta
opinião vai justamente à contramão da crítica comum sobre o DIÁRIO DE ANNE FRANK, porque este livro
é unanimidade de aprovação entre leitores de qualquer língua que fora
contemplada com a tradução desta obra. Realidade que se mostra claramente em
seu preço de venda, sempre tão exorbitante. Mas eu achei a leitura deste O DIÁRIO DE ANNE FRANK cansativa e
entediante. Contudo, creio que o problema não seja da pequena autora, a própria
Anne Frank, que narrou em seu diário
os difíceis dias vividos em confinamento, para escapar da truculência nazista.
A questão aqui é que estamos lidando justamente com um diário, e como não
poderia ser diferente, é o relato cotidiano de pessoas que vivem presas num
pequeno espaço, onde suas vidas estão limitadas, deixando claro que não há
muito para se narrar sobre essa sobrevivência, além da constante busca por
superar mais um dia.
A edição de que fala esta resenha trás na integra o diário de
Anne, contendo agora, todos os trechos que foram cortados ou editados por seu
pai, quando da primeira publicação, feito em 1947. Mas achei que os trechos retirados,
que na época foram considerados inadequados, hoje praticamente passam
despercebidos, frente ao seu conteúdo corriqueiro.
Na internet, eu leio muita gente afirmar que este livro é um
relato histórico riquíssimo como poucos o são. Mas do meu ponto de vista, o
livro é apenas um diário, com poucas passagens narrativas dos acontecimentos ao
redor do mundo na época. Até porque tudo o que a família Frank sabia, era o que
as pessoas de fora lhes relatavam, ou através dos noticiários, que acompanhavam
por um rádio velho.
A maior parte do livro são relatos de uma garota adolescente,
tendo que enfrentar os conflitos comuns desta fase da vida, e os constantes
confrontos entre as pessoas que junto com ela estiveram enclausuradas; óbvias
discórdias que certamente acontece quando se vive confinado em pequeno espaço, providos
de pouquíssimos recursos, e que precisa ser dividido por muitas pessoas.
Eu me pergunto se O
DIÁRIO DE ANNE FRANK seria esse sucesso estrondoso, caso ela, Anne Frank, não tivesse sua vida abreviada
no holocausto. Será mesmo que este livro causaria tanta comoção, se Anne e sua
família tivessem conseguido escapar ilesos do nazismo? Sinceramente eu acho que
não.
Novamente afirmo que Anne
Frank não é culpada pelo conteúdo insosso deste volume. O fato é que não há
muito que se narrar no cotidiano de pessoas que estão escondidas, além das
dificuldades como escassez, conflitos entre indivíduos, o tédio constante, e
claro, os problemas existenciais enfrentados pela narradora adolescente.
Apesar disso, Anne
Frank sabe escrever muito bem, para alguém com pouca idade. Ela narra de
maneira coerente, é corajosa quando precisa confessar suas particularidades e
não se importa em expor tudo para Kitty,
nome que ela deu ao seu diário.
É chocante o que aconteceu naqueles tempos, e começar a leitura sabendo da dolorosa realidade, pode causar certo desconforto. Anne e
quase todos que estavam no anexo secreto, são mortas pela barbárie nazista. E
talvez a maior lição que este livro possa deixar é a lembrança de que o preconceito
é a mais terrível e destrutiva ideia já criada pela mente humana.
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