(O texto a seguir não tem origem conhecida, não
possui autor e nada se sabe à cerca de sua veracidade).
Eu jamais entenderei algumas decisões
do Criador.
Como pode
ele deixar as maravilhas incomensuráveis deste mundo sob os cuidados de
criatura tão repugnante, feito o Ser Humano? Uma espécie dotada de relativo
discernimento, mas que deixa sua sobriedade ser ofuscada pela vaidade, condição
totalitária de suas ações... O Ser Humano foi uma obra bestial. Um equívoco que
o Criador jamais teve a humildade de admitir.
Há muito eu
não o vejo... Distanciei-me desde quando Ele designou as tarefas do universo
conforme seu próprio arbitramento. Ao homem foi dada a Terra para que ele
pudesse desenvolver suas capacidades e crescer como criatura. No entanto, e
antes de virar as costas, eu avisei ao Criador que isso não era prudente.
Perdi-me no
tempo por eras. Vagueei absorto, através das mais distintas ambientações do
cosmos. Conheci outros seres, outras raças dotadas de inteligência superior.
Pude notar que o Criador acertara com maestria em quase todas as suas
empreitadas. Ele designou responsabilidades à suas criações de forma assertiva.
Tudo funcionou de maneira plena e virtuosa.
Menos o Ser
Humano.
À esta
espécie deveria recair toda a desgraça. O erro deve ser exterminado em sua
totalidade. Não deveria ter sido dada a condição de livre escolha á um ser que
é incapaz de fazer de sua própria vivenda, um lugar menos pernicioso.
Mas eu não
me importo com isso...
Eu nada
tenho que ver com a podridão que cai sobre eles. Mesmo assim, os homens usaram
de seus frívolos engenhos para atribuir a mim todo o mal que desaba sobre suas
cabeças... Inventaram-me um nome, orquestraram uma mitologia, deram-me feições
tão toscas que só mesmo a minguada mente humana seria capaz de tamanha inépcia.
Mesmo afundado no abismo viscoso de trevas, o homem continua arrogante e
incapaz de admitir a própria ineficácia.
São tolos em
achar que ambiciono algo tão irrisório quanto vossas almas. Se juntassem todas
as almas que estão, mais aquelas que já estiveram na Terra, ainda assim, seria
uma riqueza tão valiosa quanto uma fossa de excremento.
Os que se
dizem sábios; aqueles que destilam pedantismo, falsearam minha existência de
acordo com suas ambições fúteis. E a inegável demonstração da estupidez
mundana, é que isso deu certo e todos acreditaram. Hoje, a humanidade trêmula
caminha pela Terra, barganhando sua existência à troco de fugir daquilo que não
existe.
A dimensão
da realidade lhes escapa... A minha realidade lhes escapa. Não há na natureza
humana perspicácia para compreender aquilo que não se presta à contemplação.
E mesmo se
algum deles conseguisse, de forma muito peculiar, clamar pelo meu manifesto a
uma audiência, ainda sim isto seria impossível. Mesmo que eu me visse acometido
pela improvável curiosidade à cerca de raça tão medíocre, minha grandeza não
poderia ser vislumbrada por olhos tão turvos. Se comparado a mim o seu mundo
tem a mesma proporção de um grão de areia, o que dizeres de tua pequenez,
criatura repugnante?
À
sua indecorosa existência que presto essa breve advertência.
Deleitem
seus dias ao que lhes parecer auspicioso, porém, sem a interferência da
vaidade. Deem algum significado à suas realidades tolas, alimentem suas
construções mitológicas, mas desistam de entender aquilo que lhes escapa.
Pois eu nada quero de ti, Ó vermiforme criatura!
Pois eu nada quero de ti, Ó vermiforme criatura!
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