Meu eu rabugento desconfiou
imediatamente deste livro de nome pretensioso e capa requintada, no exato
instante em que coloquei minhas mãos nele: certamente estaria levando pra casa
mais do mesmo. Mas como gosto de, vez ou outra, conhecer o universo obscuro de
autores dotados de mentes altamente imaginativas para o suspense ficcional,
achei que seria pertinente dar uma chance a este A PROFECIA DO PARAÍSO.
E a experiência da leitura
trouxe a amarga comprovação de minha desconfiança: trata-se de uma obra sem
nenhuma singularidade, e um autor que parece optar pelo lugar-comum.
Na trama, acompanhamos a
agente de um departamento secreto chamado “Seção” (uma espécie de CIA, só que no
lugar de siglas, temos um nome mais tosco mesmo) que é intimada a investigar a
morte de uma famosa cantora brasileira. A investigadora não demora a perceber
que está trabalhando num imbricado quebra-cabeça sobrenatural, o qual fará cair
por terra todo o seu ceticismo inabalável. E por se tratar de aparente caso relacionado
a ocultismos, a “misteriosa” Seção lhe envia uma ajuda: um historiador perito
em religiões, entediado, alcoólatra e sabe-tudo, que perdeu o gosto pela vida
após sofrer uma grande perda.
Certamente os amantes de
ficção já devem ter notado evidentes familiaridades no enredo. Pois como eu
disse: temos aqui um autor que opta pelo lugar-comum.
O início da história se
passa no Brasil, mais precisamente em São Paulo, onde ocorreu a morte da
cantora Gabriela Soares. E na mesma proporção em que o autor ROBERT BROWNE não parece muito
interessado em esclarecer alguns eventos de sua trama, ele faz questão de dar
certas pinceladas na trama que parecem propositivas, como retratar os policiais
brasileiros como sendo um bando de supersticiosos incompetentes que nada sabem
fazer, além de demonstrarem seu temor irracional.
A investigadora Callahan é a
construção da heroína perfeita: inteligente, segura, habilidosa, arrogante e o
tempo inteiro parece ser o único profissional ponderado, capaz de enxergar o
óbvio nas cenas dos crimes. Quanto ao seu improvisado parceiro, Sebastian
LaLaurie, é um intelectual frustrado, que vive uma vida precária de dor após
perder sua amada. É a personificação do enfado, entregue ao vício pelo álcool e
que parece ter perdido o gosto pela vida.
Ambos os personagens, cujas
construções de suas individualidades seguem o modelo padrão de sujeitos que se
tornarão pessoas melhores quando chegarmos ao final feliz, acabam por remeter o
leitor ao característico texto desgastado que torna o desfecho dos acontecimentos
um tanto previsível.
Mas apesar dessa concepção
maçante, a interação da dupla principal até chega a funcionar em alguns
momentos de bons diálogos e suspense razoável.
Já os demais personagens
parecem estar ali apenas para encher parágrafos; eles são todos, sem exceção,
minimamente sem-graças; vilões passeando ao redor do mundo cheios de diálogos
insossos e ações dignas de sessão da tarde; e mocinhos gélidos que se comportam
de modo aleatório e vazio, até desencadearem num final chato e cheio de
clichês.
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