A ENCRENCA EM SETE
PARÁGRAFOS – ANSIEDADE
Uma inequívoca realidade a
qual o ser humano tem dificuldade em lidar é que sua inclinação quase natural
de deixar-se vencer pela procrastinação, alienada à infinidade de possibilidades
que a modernidade social oferece, acaba por transformá-lo num irremediável
justificador de sua inaptidão... Eu explico.
Por razões variadas, as
pessoas costumam usar alguma desculpa para deixar de fazer algo, ou mesmo para
continuar fazendo alguma coisa. Por exemplo: em tempos de escassez era comum se
dizer que não havia possibilidade de se estudar Filosofia Antiga por ser muito
difícil de encontrar, além de custar muito caro e o curso ficar numa
instituição muito longe de casa. Ou seja, para se fundamentar o desperdício do
tempo livre com vagabundagem podia-se facilmente usar argumentos aceitáveis,
como a distância, para justificar a ausência de obstinação.
Hoje nenhum desses
argumentos de conveniência possui mais credibilidade. Afinal, está praticamente
tudo ao alcance do teclado, dos recursos de mobilidade variados e com preços
acessíveis... E toda essa possibilidade vestida de benevolência incontestável,
esconde uma grande problemática: estamos ficando angustiados.
Nunca em outro tempo houve
tantas doenças ligadas ao psicológico humano. Sabendo disso a indústria
farmacêutica enriquece gradativamente desenvolvendo psicoativos sintomáticos
para amenizar temporariamente os males dessa nossa companheira diária chamada
ansiedade.
Outra área que tem lucrado
imensamente com nossa angústia é o gênero pós-moderno conhecido como autoajuda.
Claro, nada mais óbvio do que haver gente por aí enriquecendo com vendas de
produtos e serviços que nos digam qual caminho devemos escolher. Se nós estamos
estagnados num cruzamento nebuloso e cheio de vias contraditórias, nada mais comum
do que surgir algum sofista aparentemente higienizado e com um currículo
extenso pendurado embaixo do pescoço, para nos “ensinar” o que deve ser feito...
Mas quase sempre estes meios
pragmáticos têm se mostrado ineficazes perante a complexidade e o ineditismo
existencial. Quando muito eles nos tiram da ansiedade maléfica para nos confinar
num abismo profundo chamado depressão. Então, sob a égide da regra fácil,
podemos seguir com nossas vidas ociosas, tediosas e infelizes.
Sobre autoajuda,eu já li alguns livros do Augusto Cury. Confesso que fiquei ainda mais deprimida. Prefiro uma abordagem mais objetiva e sincera sobre o tema "ansiedade". Esse costume de estabelecer X regras para ser feliz, N dicas para obter a paz interior...
ResponderExcluirSigo um psiquiatra chamado Italo Marsili que também tem livros publicados. #terapiadeguerrilha
Tem mais efeito em pessoas com um temperamento forte!
Abraço, Michel!
Autoajuda me serviu por um tempo, mas foi como porta de entrada na literatura comportamental. Hoje, graças a descoberta da filosofia, eu não consigo mais ler autores que se apresentam como gurus e trazem fórmulas prontas (base da autoajuda). Vou dar uma olhada no psiquiatra, obrigado pela dica... Cordial Abraço, Eliane!!
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