terça-feira, 5 de junho de 2018

A ENCRENCA EM SETE PARÁGRAFOS – ANSIEDADE

Hoje estarei iniciando uma série de pequenos textos cujo título é A ENCRENCA EM SETE PARÁGRAFOS. A ideia é desenvolver cada tema proposto numa breve reflexão que como o título sugere, não deve contar com mais do que sete parágrafos. O intuito não é o de esgotar algum dos assuntos, mas treinar a escrita concisa, assim como instigar o leitor a pensar resumidamente sobre o tema. Portanto, aqui não há desenvolvimento profundo, apenas um sumário cuja proposta é fazer com que não se percam alguns tópicos que tanto nos interessam.


A ENCRENCA EM SETE PARÁGRAFOS – ANSIEDADE




Uma inequívoca realidade a qual o ser humano tem dificuldade em lidar é que sua inclinação quase natural de deixar-se vencer pela procrastinação, alienada à infinidade de possibilidades que a modernidade social oferece, acaba por transformá-lo num irremediável justificador de sua inaptidão... Eu explico.

Por razões variadas, as pessoas costumam usar alguma desculpa para deixar de fazer algo, ou mesmo para continuar fazendo alguma coisa. Por exemplo: em tempos de escassez era comum se dizer que não havia possibilidade de se estudar Filosofia Antiga por ser muito difícil de encontrar, além de custar muito caro e o curso ficar numa instituição muito longe de casa. Ou seja, para se fundamentar o desperdício do tempo livre com vagabundagem podia-se facilmente usar argumentos aceitáveis, como a distância, para justificar a ausência de obstinação.

Hoje nenhum desses argumentos de conveniência possui mais credibilidade. Afinal, está praticamente tudo ao alcance do teclado, dos recursos de mobilidade variados e com preços acessíveis... E toda essa possibilidade vestida de benevolência incontestável, esconde uma grande problemática: estamos ficando angustiados.

Nunca em outro tempo houve tantas doenças ligadas ao psicológico humano. Sabendo disso a indústria farmacêutica enriquece gradativamente desenvolvendo psicoativos sintomáticos para amenizar temporariamente os males dessa nossa companheira diária chamada ansiedade.

Outra área que tem lucrado imensamente com nossa angústia é o gênero pós-moderno conhecido como autoajuda. Claro, nada mais óbvio do que haver gente por aí enriquecendo com vendas de produtos e serviços que nos digam qual caminho devemos escolher. Se nós estamos estagnados num cruzamento nebuloso e cheio de vias contraditórias, nada mais comum do que surgir algum sofista aparentemente higienizado e com um currículo extenso pendurado embaixo do pescoço, para nos “ensinar” o que deve ser feito...

Mas quase sempre estes meios pragmáticos têm se mostrado ineficazes perante a complexidade e o ineditismo existencial. Quando muito eles nos tiram da ansiedade maléfica para nos confinar num abismo profundo chamado depressão. Então, sob a égide da regra fácil, podemos seguir com nossas vidas ociosas, tediosas e infelizes.

É preciso cautela! Pois se não mais dispomos do benefício da justificativa que nos aconchegava em nossa visceral zona de conforto, que pelo menos nós sejamos menos ingênuos e aprendamos a discernir melhor diante da extensa oferta de felicidade fácil... Porque a vaidade vive enraizada na cabeça das pessoas. E a consequência disso quase sempre é o insucesso que culmina nesta terrível doença chamada ansiedade.

2 comentários:

  1. Sobre autoajuda,eu já li alguns livros do Augusto Cury. Confesso que fiquei ainda mais deprimida. Prefiro uma abordagem mais objetiva e sincera sobre o tema "ansiedade". Esse costume de estabelecer X regras para ser feliz, N dicas para obter a paz interior...
    Sigo um psiquiatra chamado Italo Marsili que também tem livros publicados. #terapiadeguerrilha
    Tem mais efeito em pessoas com um temperamento forte!
    Abraço, Michel!

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    1. Autoajuda me serviu por um tempo, mas foi como porta de entrada na literatura comportamental. Hoje, graças a descoberta da filosofia, eu não consigo mais ler autores que se apresentam como gurus e trazem fórmulas prontas (base da autoajuda). Vou dar uma olhada no psiquiatra, obrigado pela dica... Cordial Abraço, Eliane!!

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