quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

RESENHA DE LIVRO – A VIAGEM DE ÍRIS


Num primeiro momento retirei este livro de uma esquecida prateleira de livraria porque estava procurando literatura juvenil para presentar uma amiga adolescente. E embora eu não seja muito inclinado a ler romances desse perfil, a sinopse e os primeiros parágrafos chamaram a minha atenção. Acabei por comprar o livro para mim mesmo (isso acontece muito quando estou à procura de um livro para dar de presente).

A VIAGEM DE ÍRIS conta a história de Callum e Iona, pequenos moradores de uma cidadezinha interiorana da Escócia. A amizade dos dois carece de que eles enfrentem algumas diferenças sociais que os distanciam (é neste ponto onde acontecem as situações mais previsíveis). Mas a superação de cada uma delas, somadas a um interesse em comum entre os dois personagens, eleva o valor da amizade e muda completamente a vida de ambos. A história possui outros elementos chaves também, mas não posso dizer pra não cometer spoiler.

A trama é simplista e usa os velhos chavões literários para suscitar comoção no leitor. E embora essa fórmula clichê acabe criando certo desconforto, a autora Gill Lewis narra essa história de amizade entre duas crianças de um modo que acaba agradando justamente por sua pegada singela; o livro sabe que é limitado, mas torna-se bom porque não inventa.

De fato, algumas situações exageram na previsibilidade e deixam evidente que estão inseridas na trama para fazer chorar. Mas a autora não excede; ela não força ao buscar comover e nem tenta ser engraçada nos instantes errados. A narrativa simplesmente deixa acontecer, sem jamais se esquecer de fazer sua lição de casa.

Em alguns momentos, de tanto prever o que estava por vir, chegou a pairar sobre mim a mesma sensação de quando estou assistindo a um episódio da série Chaves: estou cansado de saber o que vai acontecer na próxima cena, mas isso não impede que eu deixe rolar uma gargalhada pela milésima vez...

A forma com que a amizade entre Callum e Iona vai crescendo é até bonitinha, deixa um ar de inocência tanto na narração em primeira pessoa por parte de Callum, quanto no comportamento obstinado com que sua nova amiguinha lida com cada conflito que aparece no caminho. Contudo, mesmo aqui houve espaço para outro probleminha: os personagens soam superficiais e quase nunca dispendem de excessos que ajudaria a distingui-los em personalidades.

Já o final do livro acertou em não descambar para a pieguice. Contou o que precisava ser contado e terminou no momento certo, deixando a mente do leitor aberta para refletir sobre as possibilidades.

A VIAGEM DE ÍRIS não é um livro memorável e não trás nada de inovador. Mas sabe contar uma história sem exageros, optando por seguir com uma literatura leve, quase despretensiosa, que embora nos deixe com a sensação de “mais do mesmo”, consegue agradar pela honestidade narrativa.

NOTA: 6,1

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