Num primeiro momento retirei
este livro de uma esquecida prateleira de livraria porque estava procurando
literatura juvenil para presentar uma amiga adolescente. E embora eu não seja
muito inclinado a ler romances desse perfil, a sinopse e os primeiros
parágrafos chamaram a minha atenção. Acabei por comprar o livro para mim mesmo
(isso acontece muito quando estou à procura de um livro para dar de presente).
A
VIAGEM DE ÍRIS conta a história de Callum e Iona, pequenos
moradores de uma cidadezinha interiorana da Escócia. A amizade dos dois carece
de que eles enfrentem algumas diferenças sociais que os distanciam (é neste
ponto onde acontecem as situações mais previsíveis). Mas a superação de cada
uma delas, somadas a um interesse em comum entre os dois personagens, eleva o
valor da amizade e muda completamente a vida de ambos. A história possui outros
elementos chaves também, mas não posso dizer pra não cometer spoiler.
A trama é simplista e usa os
velhos chavões literários para suscitar comoção no leitor. E embora essa
fórmula clichê acabe criando certo desconforto, a autora Gill Lewis narra essa história de amizade entre duas crianças de um
modo que acaba agradando justamente por sua pegada singela; o livro sabe que é
limitado, mas torna-se bom porque não inventa.
De fato, algumas situações
exageram na previsibilidade e deixam evidente que estão inseridas na trama para
fazer chorar. Mas a autora não excede; ela não força ao buscar comover e nem
tenta ser engraçada nos instantes errados. A narrativa simplesmente deixa
acontecer, sem jamais se esquecer de fazer sua lição de casa.
Em alguns momentos, de tanto
prever o que estava por vir, chegou a pairar sobre mim a mesma sensação de
quando estou assistindo a um episódio da série Chaves: estou cansado de saber o
que vai acontecer na próxima cena, mas isso não impede que eu deixe rolar uma
gargalhada pela milésima vez...
A forma com que a amizade
entre Callum e Iona vai crescendo é até bonitinha, deixa um ar de inocência
tanto na narração em primeira pessoa por parte de Callum, quanto no
comportamento obstinado com que sua nova amiguinha lida com cada conflito que
aparece no caminho. Contudo, mesmo aqui houve espaço para outro probleminha: os
personagens soam superficiais e quase nunca dispendem de excessos que ajudaria
a distingui-los em personalidades.
Já o final do livro acertou
em não descambar para a pieguice. Contou o que precisava ser contado e terminou
no momento certo, deixando a mente do leitor aberta para refletir sobre as
possibilidades.
NOTA: 6,1
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